08 nov, 2022 - 18:18 • Aura Miguel
No rescaldo dos mais recentes escândalos de abusos que envolvem a hierarquia da Igreja em França, o Papa abordou o assunto no encontro com os jornalistas durante o voo de regresso do Bahrain, no domingo.
Depois de a imprensa francesa ter revelado que a Igreja manteve em segredo a condenação canónica do bispo de Luçon, Michel Santier, o Papa fez um enquadramento dos passos desencadeados até agora pelo Vaticano.
Já depois das declarações de Francisco, foi ainda conhecida a confissão do cardeal Jean-Pierre Ricard, bispo emérito de Bordéus, que declarou ter agredido uma menor de 14 anos, há 35 anos.
“Sobre o tema dos abusos, a Igreja está determinada. Estamos a trabalhar arduamente, mas sabes que há pessoas dentro da Igreja que ainda não estão a ver claro”, disse Francisco a um jornalista francês que o questionou.
“E dizem: ‘Esperemos um pouco mais, vamos ver…’ É um processo que implica coragem e nem todos a têm. Mas a vontade da Igreja é a de esclarecer tudo”, garantiu o Papa.
Há cerca de um ano, uma investigação descobriu pro(...)
O Santo Padre reafirmou que os abusos praticados por sacerdotes “são contra a própria natureza sacerdotal e também contra a própria natureza social. Por isso, é uma coisa trágica e não devemos parar”.
Sobre os mais recentes casos em França, Francisco acrescentou: “Agora é tudo mais claro, por isso, não nos devemos surpreender que surjam casos como estes. Estou a pensar num ou noutro bispo… Ainda existem, sabes? E não é fácil dizer: ‘nós não sabíamos” ou ‘esconder era a cultura da época e para muitos ainda continua a ser”, lamenta o Papa.
“Fazemos o que podemos, somos pecadores. E a primeira coisa que precisamos de sentir é a vergonha, ter profunda vergonha disso. Podemos lutar contra todos os males do mundo, mas sem vergonha não conseguiremos”.
E acrescentou: “um dos insultos que temos na minha terra é: ‘você é um sem vergonha’; acredito que a Igreja não pode ficar ‘sem vergonha’ e que deverá envergonhar-se com as coisas más, bem como agradecer a Deus pelas coisas boas que faz”.
Para isso, há que “seguir em frente, com toda a boa vontade e com a vossa ajuda”, disse o Papa Francisco aos jornalistas.