18 nov, 2022 - 10:36 • Aura Miguel , Olímpia Mairos
O Papa volta a dizer que o Vaticano está disponível para ser mediador nas negociações entre a Rússia e Ucrânia. Em entrevista ao jornal italiano “La Stampa”, citada pelo Vatican News, Francisco garante que fará tudo o que for possível e volta a fazer um apelo à paz.
Questionado como se sente ao ter que enfrentar como Papa a “terceira guerra mundial” - como a tem definido - com uma nova ameaça nuclear, Francisco responde que é “um absurdo”. “E provoca-me particular raiva e tristeza perceber que por detrás de todas essas tragédias estão a ânsia pelo poder e o comércio das armas. Foi-me dito que se as armas não fossem fabricadas e vendidas em um ano, acabaria a fome no mundo”, diz, lamentando que “prevalece sempre a vocação destrutiva, resultando em guerras”.
“Quando os impérios enfraquecem, eles visam fazer uma guerra para se sentirem fortes, e também para vender armas. Num século, três guerras mundiais! E nós não aprendemos!”, lamenta.
O Papa assegura o seu empenho em construir pontes com vista à paz e lembra que a secretaria de Estado do Vaticano “está a trabalhar e trabalha bem, todos os dias”, avaliando qualquer hipótese “que possa levar a um verdadeiro cessar-fogo, e a negociações verdadeiras”.
“Entretanto, estamos comprometidos com o apoio humanitário ao povo da martirizada Ucrânia, que carrego no meu coração juntamente com os seus sofrimentos. E também tentamos desenvolver uma rede de relações que favoreça uma aproximação entre as partes, para encontrar soluções. Além disso, a Santa Sé faz o que deve para ajudar os prisioneiros”, diz Francisco.
O Papa reitera, uma vez mais, que “a Santa Sé está pronta para fazer todo o possível para mediar e pôr um fim ao conflito na Ucrânia” e diz que acalenta a esperança de uma reconciliação entre Moscovo e Kiev.
“Sim, eu tenho esperança. Não nos resignemos, a paz é possível”, diz o Santo Padre, advertindo que “todos devem trabalhar para desmilitarizar os corações, a começar pelos seus próprios corações, e depois desarmar a violência”.
“Todos nós devemos ser pacifistas. Querendo a paz, não apenas uma trégua que pode servir apenas para rearmar-se. A verdadeira paz, que é fruto do diálogo, não se consegue com armas, porque elas não derrotam o ódio e a sede de domínio, que reaparecerão, talvez de outras formas, mas reaparecerão", adverte.