Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Diocese de Beja celebra bodas de ouro sacerdotais de António Cartageno

29 nov, 2022 - 13:52 • Rosário Silva

O sacerdote é considerado um dos nomes “cimeiros da música litúrgica” em Portugal.

A+ / A-

A diocese de Beja festeja este sábado, dia 3 de dezembro, as bodas de ouro sacerdotais do padre António Cartageno, um dos nomes “cimeiros da música litúrgica” em Portugal.

Na Sé de Beja, o bispo D. João Marcos preside a uma missa de ação de graças pelo aniversário do sacerdote, ordenado em 3 de dezembro de 1972, a partir das 11h00.

“Pela qualidade e popularidade das suas composições e pelas iniciativas no âmbito da música sacra, é um dos nomes cimeiros da música litúrgica em Portugal”, refere à Renascença, numa nota escrita, o padre José Maria Afonso Coelho.

O sacerdote, responsável pela recolha bibliográfica de António Cartageno, recorda que as suas “primeiras experiências musicais” ocorreram ainda em criança, “ligadas à Banda Filarmónica de São Mamede de Ribatua, que ensaiava em casa de seus pais, na localidade do mesmo nome”.

Já, como “aluno do Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais (Lisboa), entre 1964 e 1970, herdou as influências da prática gregoriana e do padre Manuel Luís, professor, compositor e maestro”.

Foi neste período, no Centro de Estudos Gregorianos, atual Instituto Gregoriano de Lisboa, que António Cartageno “estudou órgão e harmonia com Antoine Sibertin-Blanc”, lembra.

Como presbítero, ao serviço da diocese de Beja, além do trabalho na Comissão Diocesana de Música Sacra e da direção coral, fez, "entre 1978-1982, com o padre António Mendes Aparício, uma recolha exaustiva de cânticos da tradição popular religiosa do Baixo Alentejo que, praticamente, tinham deixado de se cantar, mas conservados, alguns deles, no Cancioneiro Alentejano (1955) do padre António Marvão”.

A Comissão de Liturgia e Música Sacra de Beja acabou por recuperar muitos desses cânticos, adaptando alguns textos à liturgia e com o apoio do Coro do Carmo, “procedeu à gravação e divulgação de quase trinta espécimes, publicados em livro, cassete e CD”.

Neste seu caminho de aprofundamento do conhecimento, entre 1987 e 1994, o padre Cartageno licenciou-se em Música Sacra e fez o mestrado em Canto Gregoriano e Composição Sacra, no Pontifício Instituto de Música Sacra de Roma.

Desenvolveu intensa atividade na formação musical dos seminaristas em Beja e Évora, incluindo “a construção do grande órgão da Sé de Beja, e iniciativas pedagógicas no Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, realizado anualmente em Fátima desde 1975”.

Deste seu percurso na música, ao nível da docência da música, lecionou na Escola Preparatória Mário Beirão e na Escola do Magistério Primário, assim como na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Beja, tendo colaborado na criação, em 1994, no Curso de Música Litúrgica.

“Todos estes anos, de 1972 a 2022, constituem a substância do jubileu sacerdotal, marcados definitivamente pelo serviço à música sacra, não em modo acabado, mas em contínua atividade”, salienta, José Maria Afonso Coelho.

Da sua escrita, “em que sobressai o número de composições para a missa e Liturgia das Horas, procura ser fiel aos textos, normalmente da Bíblia ou dos livros litúrgicos, adaptando à palavra o ritmo e o desenho melódico”.

Com uma vasta obra publicada, algumas das suas composições são executadas no Brasil e em Itália.

Percurso do padre António Cartageno

O padre António Júlio da Silva Cartageno, nasceu em São Mamede de Ribatua, concelho de Alijó, distrito e diocese de Vila Real, a 9 de junho 1946. Entrou no Seminário de Beja em 1958, onde fez os estudos secundários e, em 1964, entrou no Seminário dos Olivais em Lisboa que frequentou até 1970 e onde fez os seus estudos de Filosofia e Teologia.

Dois anos depois, 1972, foi ordenado presbítero a 3 de dezembro, na Igreja do Carmo de Beja, cidade onde regressou para ser Prefeito do Seminário e professor, até 1987, ano em que partiu para Roma, para frequentar o Pontifício Instituto de Música Sacra e onde permaneceu até 1994.

De regresso à diocese alentejana, foi nomeado ecónomo do seminário diocesano, cargo que exerceu entre 1994 e 2003. De setembro de 2001 a setembro de 2003 foi Pároco de Nossa Senhora das Neves e Baleizão, sendo nomeado a 15 de agosto de 2003, Pároco solidário de São João Baptista-Beja, juntamente como o cónego António Mendes Aparício e o padre Manuel Francisco Perfeito Pato.

Continuou com as funções até que em 13 de setembro de 2014, data a partir da qual não apenas continuou na paróquia de São João Baptista-Beja, mas assumiu com os padres António Novais Pereira e José Maria Afonso Coelho a Unidade Pastoral Interparoquial de Beja, entretanto constituída por D. António Vitalino Dantas, e que aglomerava além da paróquia de São João Baptista, também as paróquias de Santa Maria da Feira e de Santiago Maior - Sé, onde se encontra atualmente.

Foi também diretor do Secretariado Diocesano de Liturgia e pertenceu, algumas vezes, ao Conselho Presbiteral e Pastoral Diocesano, tendo sido membro do primeiro Sínodo Diocesano de Beja (2012-2016).

Foi também responsável pela Pastoral do Ensino Superior entre 2009 e 2019, sendo atualmente assistente eclesiástico da equipa responsável por este sector.

As grandes obras musicais de António Cartageno

- Cantata a Nossa Senhora da Conceição (1996), para assinalar os 350 anos (1646-1996) da proclamação de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal. Apresentação realizada em 9 de junho de 1996, na Igreja dos Agostinhos, em Vila Viçosa.

- Cantata “Santo Agostinho – o cantor da sede de Deus” (2006), feita a pedido da diocese de Leiria-Fátima para o encerramento do Ano Agostiniano. Apresentada em 14 de abril de 2016, em Leiria, no encerramento do mesmo ano, dado que Santo Agostinho é o padroeiro dessa diocese. Está publicada CD pelas Edições Paulinas.

- Oratória: “Fátima, sinal de esperança para a humanidade” (2007) comemorativa dos 90 anos das aparições de Fátima, foi apresentada no Santuário de Fátima na tarde de 13 de outubro de 2007, dia do 90.º aniversário da última aparição da Virgem Maria em Fátima, na Basílica da Santíssima Trindade. Participaram na execução da obra 366 pessoas, um enorme coro composto por onze grupos corais de Leiria, Beja, o Coro Infantil do Santuário de Fátima, e a orquestra Filarmónica das Beiras. Foi, posteriormente, editada pelo Santuário de Fátima em DVD.

- Cantata “As Maravilhas de Fátima – O Apóstolo de Fátima Padre Formigão” (2017), em memória do Padre Manuel Formigão, o “Apóstolo de Fátima” que fez os primeiros inquéritos aos pastorinhos Jacinta, Lúcia e Francisco após as aparições de 1917, apresentada no dia 3 de abril de 2017, na Basílica Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

- Cantata “Os pastorinhos de Fátima”, composta em 2020, nos primeiros meses da pandemia, em homenagem aos pastorinhos de Fátima, particularmente os Santos Francisco e Jacinta Marto, ambos vítimas da pneumónica que atingiu a humanidade entre 1918 e 1921. Esta obra ainda não foi apresentada ao público.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+