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D. Carlos Azevedo: "Crise na Igreja obriga a nova configuração da fé"

06 dez, 2022 - 13:00 • Henrique Cunha

O prelado da diocese do Porto que trabalha no Vaticano há mais de 10 anos defende a necessidade de se "pensar o lugar da fé na sociedade e relativizar muitas das quinquilharias religiosas que se foram acumulando".

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A crise que se vive na Igreja vai obrigar "a uma reconfiguração da fé cristã", diz o bispo D. Carlos Azevedo, recém-nomeado pelo Papa delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas.

Em entrevista à Renascença, D. Carlos Azevedo mostra-se, contudo, convicto de que o "Cristianismo vai emergir da crise".

"A crise da pandemia que esvaziou as Igrejas e o aumento da secularização" obrigam a "uma nova organização da Igreja para servir as comunidades que não vão ser triunfalistas, nem grandiosas".

Nestas declarações à Renascença, o prelado da diocese do Porto que trabalha no Vaticano há mais de 10 anos defende a necessidade de se "pensar o lugar da fé na sociedade e relativizar muitas das quinquilharias religiosas que se foram acumulando".

"Metade dos conventos e mosteiros na Europa fecham em 10 anos"

“As próprias ordens religiosas também estão em revisão, porque, nos próximos 10 anos, 50 por cento dos conventos e mosteiros na Europa fecham”, vaticina D. Carlos Azevedo.

“Tudo isso obrigará a uma reconfiguração do que é a fé na sociedade, de qual é o lugar da fé na sociedade”, enfatiza.

“Como o Papa Francisco vem dizendo, é preciso centrar a ação e discussão na questão de se ser discípulo de Jesus e seguir o Evangelho, e relativizar muitas quinquilharias religiosas que se foram acumulando", reforça.

Nestas declarações por ocasião da apresentação do seu mais recente livro "Entre o Vaticano e Portugal: questões de governo e de pastoral", um conjunto de estudos sobre esta realidade que vai do séc. XVII ao séc. XX, D. Carlos Azevedo sublinhou a importância de se “colocar de lado muitas categorias estáticas e acolher de forma profética a sabedoria que o olhar histórico proporciona”.

Sobre o seu livro, D. Carlos chama a atenção para “o primeiro capítulo que lembra de ter havido um momento na história de Portugal em que não houve nenhum bispo, um facto que as pessoas desconhecem”. Após a Restauração, cedendo a pressões castelhanas, Roma não nomeou durante 30 anos qualquer bispo para o reino de Portugal.

Outro aspeto que D. Carlos destaca é “ter havido um bispo que escreveu um livro contra as indulgências e que, por isso, foi castigado, não sendo nomeado para a diocese de Bragança, como estava previsto”.

Comité Pontifício para as Ciências Históricas

D. Carlos Azevedo foi nomeado pelo Papa Francisco delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas, cargo que o bispo português diz que se adequa às suas habilitações por se tratar de "um organismo que dá apoio ao Papa e à Cúria sobre questões de história”.

“Por exemplo, quando há um qualquer esclarecimento a fazer ou é necessário preparar uma visita e o Papa quer ter um parecer sobre factos históricos da Igreja é responsabilidade do Comité”, explica.

O delegado do Comité Pontifício para as Ciências e História adianta ainda que terá como preocupação a revisão da “própria história da Igreja com a ajuda de uma visão internacional e com o chamamento de outros centros, porque esse é um trabalho que está um pouco por fazer”.

"É preciso que outros centros de história internacionais possam colaborar, até porque, hoje, evidentemente, não se pode ficar isolado ou trabalhar apenas com os membros que são nomeados pelo Papa."

“Alargar a outros centros de história, por exemplo, da América Latina e de outros lugares que estão a trabalhar e que não são postos em relação com o trabalho de outros. É preciso criar essa ponte internacional”, reforça.

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  • Manuelrufino Soaresd
    06 dez, 2022 São Paulo Brasil 15:31
    Notícias da rádio renascença são muito importantes

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