06 dez, 2022 - 10:55 • Olímpia Mairos
As escolas católicas no Líbano estão a viver momentos de grandes dificuldades. A inflação acentuada e a desvalorização da libra libanesa estão a atingir fortemente toda a estrutura educativa no Líbano, acentuando as dificuldades que já se faziam sentir nas escolas católicas que acolhem cerca de 200 mil alunos.
Em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o presidente do secretariado para as Escolas Católicas no Líbano, fala numa situação bastante grave.
“Os salários dos professores têm-se tornado insuficientes desde que a moeda nacional começou a entrar em colapso, pelo que estamos a trabalhar para os proteger e manter, procurando dar-lhes uma pequena quantia em dólares americanos todos os meses”, conta o padre Youssef Nasr.
O responsável sinaliza ainda que as despesas escolares, tais como a eletricidade e o aquecimento, representam 40% de todas as despesas. “E embora todas estas sejam pagas em dólares americanos, as propinas continuam a ser pagas na sua maioria em libras libanesas que perderam a maior parte do seu valor e se tornaram quase inúteis”, assinala.
Neste contexto, o responsável afirma que a ajuda de instituições como a Fundação AIS é fundamental, admitindo que “não podemos continuar sem a ajuda que nos é dada. Precisamos desesperadamente dela”.
Além da manutenção das escolas católicas, está também em causa a própria sobrevivência da comunidade cristã naquele país tão importante no contexto do Médio Oriente.
“Os pais querem olhar em frente para o melhor futuro possível, apesar dos atuais desafios. Pedem uma educação de qualidade para os seus filhos, e é isto que oferecemos. É por isso que precisamos de preservar esta educação para manter as pessoas no Líbano e impedi-las de emigrar, especialmente tendo em conta a difícil situação atual”, reforça o sacerdote.
A Fundação AIS lançou a nível mundial uma campanha de apoio à Igreja no Líbano e o presidente do secretariado para as Escolas Católicas no Líbano assume que “sem a Fundação AIS nunca poderíamos continuar e a gerir todas as nossas despesas. Precisamos da vossa ajuda, que é muito importante para nós, para superarmos os desafios”.
Os benfeitores portugueses da AIS podem, por exemplo, ajudar a Igreja no Líbano, apoiando a escola Beit Habbaq, da responsabilidade das Missionárias do Santíssimo Sacramento. O estabelecimento de ensino, que fica situado numa aldeia perto de Jbeil, é frequentado por 1.420 crianças que, na sua esmagadora maioria, “vão para as aulas praticamente sem terem comido nada em casa”.
Segundo a irmã Maguy Adabachy, responsável por esta escola, o desafio atual é manter a escola aberta e para isso é necessário “arranjar dinheiro no final do mês para pagar aos professores, para o combustível dos autocarros, para poderem transportar as crianças”.
“E no fim do mês não sei se há dinheiro para alimentar os alunos mais pobres”, lamenta.
Além do Líbano, a campanha que a Fundação AIS está a promover em Portugal visa também a Síria, outro país da região que atravessa igualmente uma crise profunda que tem conduzido a esmagadora maioria da sua população para a miséria.