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Dia Mundial da Paz. “Para o vírus da guerra não há vacina”, diz Papa

16 dez, 2022 - 09:20 • Aura Miguel

Francisco alerta que o vírus da guerra “é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano”, como aconteceu com a Covid-19, “porque o primeiro não provém de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado”.

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Na Mensagem divulgada esta sexta-feira para o 56.º Dia Mundial da Paz, que se assinala no próximo dia 1 de janeiro 2023, o Papa compara o flagelo da Covid-19 à guerra na Ucrânia mas, desta vez, “pilotada por opções humanas culpáveis”.

Com o tema “Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos, recomecemos a partir de Covid-19 para traçar sendas de paz”, esta mensagem reflete sobre os efeitos da pandemia e o mal-estar geral, que se concentrou no coração de tantas pessoas e famílias, com implicações graves por longos períodos de isolamento e diversas limitações da liberdade, bem como as sérias contradições e desigualdades causadas na ordem social e económica.

Mas, “quando já ousávamos esperar que estivesse superado o pior da noite da pandemia, eis que se abateu sobre a humanidade uma nova e terrível desgraça. Assistimos ao aparecimento de outro flagelo – uma nova guerra – comparável, em parte, à Covid-19, mas pilotado por opções humanas culpáveis”, escreve o Papa.

A guerra na Ucrânia, não só ceifa vítimas inocentes e espalha a incerteza para quantos lá vivem, mas atinge todos de forma generalizada, com efeitos colaterais para o mundo inteiro, “basta pensar nos problemas do trigo e nos preços dos combustíveis”, escreve.

O Papa lamenta que “não era esta, sem dúvida, a estação pós-Covid que esperávamos”, reconhecendo que “esta guerra, juntamente com todos os outros conflitos espalhados pelo globo, representa uma derrota não apenas para as partes diretamente envolvidas, mas também para a humanidade inteira.”

Francisco conclui, no entanto que: “enquanto para a Covid-19 se encontrou uma vacina, para a guerra ainda não se encontraram soluções adequadas. Com certeza, o vírus da guerra é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano, porque o primeiro não provém de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado”.

O que fazer?

O Papa pede que, “antes de mais nada, deixarmos mudar o coração pela emergência que estivemos a viver, ou seja, permitir que, através deste momento histórico, Deus transforme os nossos critérios habituais de interpretação do mundo e da realidade”. Francisco sublinha que “não podemos continuar a pensar apenas em salvaguardar o espaço dos nossos interesses pessoais ou nacionais, mas devemos repensar-nos à luz do bem comum, com um sentido comunitário, como um «nós» aberto à fraternidade universal.”

No atual contexto, "fere-nos o escândalo dos povos famintos” e, como tal, “precisamos de desenvolver, com políticas adequadas, o acolhimento e a integração, especialmente em favor dos migrantes e daqueles que vivem como descartados nas nossas sociedades.”

A experiência da pandemia também ajuda a mudar as nossas prioridades e critérios. “Podemos dizer que a maior lição que Covid-19 nos deixa em herança é a consciência de que todos precisamos uns dos outros, que o nosso maior tesouro, ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum, e que ninguém pode salvar-se sozinho.”

Nesta mensagem, o Papa espera que desta experiência, os povos e nações voltem “a colocar de novo no centro a palavra «juntos»”, porque é só assim, “juntos, na fraternidade e solidariedade, que construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos.”

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