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Arcebispo de Évora pede Natal com “renovação de critérios e valores”

20 dez, 2022 - 15:38 • Rosário Silva

No conjunto das preocupações que elenca na sua mensagem de Natal, D. Francisco Senra Coelho lamenta o “revés golpe do retrocesso civilizacional” que se registou em Portugal, com “a pretensa aprovação da eutanásia e da morte assistida”.

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Na celebração daquele que é o último Natal do quadriénio pastoral na arquidiocese de Évora, D. Francisco Senra Coelho, numa mensagem dirigida aos cristãos, recorda o caminho de “maturidade cristã”, realizado nos últimos quatro anos.

“As apreensões face ao futuro que marcam o nosso tempo, fizeram-nos crescer numa maior consciência da urgência da nossa missão perante o mundo que anseia por ser mais humano e mais fraterno”, escreve o prelado na mensagem natalícia intitulada “Caminhar juntos na Esperança”.

A esperança é, de resto, a palavra que norteia a reflexão do arcebispo de Évora, num mundo onde ressoa “o grito da Terra e dos pobres”, nomeadamente, através da “pandemia, da trágica guerra na Ucrânia, com cruéis desumanidades”, sentindo-se, ao mesmo tempo, “por toda a Casa Comum, a deterioração das condições económicas básicas, derivadas de conflitos que agudizam o empobrecimento e a miséria dos mais frágeis e sem voz do nosso planeta”.

Num outro plano, no conjunto das preocupações que elenca, D. Francisco Senra Coelho lamenta o “revés golpe do retrocesso civilizacional” que se registou em Portugal, com “a pretensa aprovação da eutanásia e da morte assistida”.

Tal como Maria, que “caminha de coração alegre, de ânimo aberto, mesmo por estradas fatigantes”, todos somos “convidados a percorrer os mesmos caminhos carentes de salvação e marcados pela cultura da morte”, como discípulos missionários da esperança que erguem com as suas vidas a luz entre as trevas”.

“Mais caridade operativa e maior comunhão de oração”

Num território, como o da arquidiocese, pautado pela desertificação populacional, percebe-se, escreve o arcebispo, “a urgência de partir, com Maria, e levar o rosto amoroso de Deus, a todos os recantos que anseiam sequiosamente por um Natal de renovação de critérios e valores, para que o mundo e a nossa região sejam diferentemente valorizados”.

O prelado recorda ainda os idosos, “dos quais 44.511 foram sinalizados como sobreviventes à solidão ou ao isolamento”, para que alertar que no distrito de Évora, há “2.924 idosos que aguardam gestos de procura, de encontro e de presença, compromisso, promoção humana, ternura, carinho e os diversos apoios necessários às suas idades”.

São “sinais dos tempos a pedir-nos que ultrapassemos as barreiras do egoísmo individualista gerador de “natais consumistas”, marcados pelo banal e pelo fútil e nos encontremos com a raiz desta solenidade em que Deus se faz homem para que os homens sejam filhos de Deus e irmãos entre si”, acrescenta.

Também os jovens são lembrados nesta mensagem, até porque está à porta a Jornada Mundial da Juventude, “um grande sinal de esperança, um abraço universal de paz, eco e continuidade deste Natal”.

A este propósito e lembrando São João Paulo II, questiona-se: “Será a nova geração de cristãos, os jovens que nos acompanham e interpelam, capazes de fazer acontecer o espírito do Natal na sua geração?”, numa arquidiocese que necessita de rejuvenescer.

“Como é urgente que nesta Igreja particular haja Natal, natalidade, vida! Como não perceber que jovens vidas abracem a vocação exclusiva ao serviço do Reino de Deus, nem como a beleza na família, construída a partir do matrimónio cristão?”, lê-se ainda na reflexão.

Para o arcebispo de Évora, é fundamental “sermos semeadores de esperança” quando se percebe “desistência, apatia, alheamento e indiferença”, por isso, apela aos cristãos que levem “o espírito do Natal a todos os que o procuram ou desistiram de sonhar a possibilidade de um mundo novo”.

“Neste Natal, reafirmamos à luz da fé que a missão da Igreja se centra na certeza de que só Jesus Cristo é a fonte e a meta da verdadeira esperança. Esta descoberta assumida pelos pastores de Belém e pelos magos do Oriente faz-nos redescobrir a nossa identidade como discípulos missionários da esperança”, observa.

Lembrando os “sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas, famílias cristãs, doentes, idosos, pessoas com deficiência, presidiários, sós, pobres, e desterrados”, D. Francisco Senra Coelho termina pedindo “mais caridade operativa e maior comunhão de oração”.

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