31 dez, 2022 - 13:51 • Diogo Camilo
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Um homem tímido, mas afável. Quem conheceu Bento XVI lembra o “início de um processo de purificação” na Igreja, o gosto por doces conventuais portugueses e o “antes e depois de Fátima”, com a perceção que os portugueses tinham sobre si a mudar após a visita, em maio de 2010.
Em debate na Renascença no dia da morte do Papa Emérito Bento XVI, o diretor do gabinete de imprensa do Opus Dei em Portugal, Pedro Gil, que integrou a equipa de comunicação da viagem de Bento XVI, recorda uma visita numa altura em que a relação com o público era difícil - e o próprio Papa emérito tinha consciência disso.
"O objetivo era dá-lo a conhecer e conquistou as pessoas pela sua simplicidade. A viagem foi determinante. Há um antes e depois de Fátima”, disse Pedro Gil, relembrando a fotografia em que Bento XVI surge “como uma criança” a rezar de joelhos em frente a Nossa Senhora.
O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, lembrou um encontro após esta passagem por Portugal, onde esteve em Lisboa, Fátima e Porto, para recordar um diálogo com o Papa emérito: “Lisboa jamais o esquece", disse a Bento XVI, que lhe respondeu: “E eu jamais vou esquecer Lisboa”.
Aura Miguel, vaticanista da Renascença, relembra o momento em que conheceu Joseph Aloisius Ratzinger, por volta do ano 1996, durante uma entrevista quando este era ainda cardeal. Recorda o seu gosto por doces conventuais portugueses e o seu ar “muito afável, tímido e retraído”, além da “muita inteligência”.
Já Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, lembra o papel “decisivo” de Bento XVI enquanto Papa ao iniciar um “processo de purificação” após terem sido descobertos casos de abusos sexuais na Igreja, mostrando que “não há que escamotear a verdade”.
“Não é o essencial do seu legado, é sim a riqueza da sua inteligência teológica, mas teve o seu papel”, sublinhou.