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Bento XVI (1927-2022)

Dois Papas e uma ligação próxima visível no funeral, diz D. Manuel Clemente

05 jan, 2023 - 14:53 • André Rodrigues, enviado especial ao Vaticano , Cristina Nascimento

Cardeal Patriarca de Lisboa conta à Renascença como observou o Papa Francisco durante as cerimónias fúnebres de Bento XVI. Sobre uma eventual abertura imediata do processo de canonização do Papa emérito, D. Manuel Clemente diz que é preciso dar tempo: “não se impõe santos a ninguém”.

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O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, descreve o funeral de Bento XVI como um momento sereno, mas intenso.

Em declarações a Renascença, depois de ter participado nas cerimónias fúnebres do Papa emérito, D. Manuel Clemente destacou a atitude e palavras do Papa Francisco durante a sua homilia que revelam a ligação próxima que existia entre ambos.

“O Papa Francisco estava a viver aquilo muito por dentro, o que é natural, acompanharam-se bem durante estes 10 anos, visitas frequentes, muita estima um pelo outro”, descreve D. Manuel Clemente, lembrando que, durante a cerimónia, ficou num lugar próximo do Papa Francisco.

D. Manuel Clemente regista, igualmente, a expressão de afeto por Bento XVI, traduzida na lotação da Praça de São Pedro, com muitos milhares de pessoas presentes para o último adeus.

Já sobre os apelos que se fizeram ouvir várias vezes para a abertura imediata de um processo de canonização de Bento XVI, o Cardeal-Patriarca diz entender estas manifestações, mas sublinha a necessidade de deixar passar algum tempo.

“Não se impõe santos a ninguém, a Igreja verifica e até espera um sinal do céu para que isso seja assim”, afirma.

D. Manuel Clemente explica que “o sentido do povo de Deus, essa fama de santidade que parece transparecer em exclamações desse género” também “conta, mas tem que se ver no seu conjunto”.

“Quando a Igreja canoniza alguém é porque estudou muito bem, tanto quanto pode, com a documentação disponível e com os testemunhos necessários, que, naquela pessoa, o evangelho de Jesus Cristo, à sua maneira e no seu tempo, teve uma expressão total”, acrescenta.

O Cardeal-Patriarca refere que o testemunho de vida dos santos “deve ser olhado, pelo comum dos crentes, para mostrar que o Evangelho não foi uma coisa que acabasse há 2000 anos, mas que, de há dois mil anos para, cá o mesmo espírito de Jesus Cristo suscita presenças assim”.

O funeral de Bento XVI realizou-se esta quinta-feira, perante a presença de milhares de pessoas no Vaticano. O Papa emérito morreu a 31 de dezembro, aos 95 anos de idade.

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