05 jan, 2023 - 13:39 • André Rodrigues, enviado especial ao Vaticano
A manhã em Roma surgiu mais fria do que nos últimos dias e o manto de nevoeiro sobre a cidade cobria a cúpula da Basílica de São Pedro. Mas, isso não deteve milhares de pessoas de acorrerem à Praça de São Pedro para viverem por dentro o momento alto do dia.
Na despedida de Bento XVI, a praça repleta de gente até à Avenida della Conciliazione fez trouxe à memória outros momentos de grande significado vividos, ali mesmo.
De muitas nacionalidades, de todas as idades, identificados pelas bandeiras que transportavam: da Polónia, da França, da Alemanha, muitas do estado federado da Baviera, onde nasceu Joseph Ratzinger.
Entre os muitos que ali se encontravam na manhã desta quinta-feira, estava um grupo de portugueses de Vila do Conde.
Manuela foi a porta-voz da família que, ontem mesmo, viajou para Roma: “já aqui tinha estado para o funeral de João Paulo II”, recorda esta portuguesa, quando compara a moldura humana de hoje com aquela que a Praça naquele sábado de abril de 2005.
Manuela conta à Renascença que, assim que recebeu a notícia da morte de Bento XVl, soube que tinha de aqui estar: “tínhamos logo que vir… chama-nos o coração”.
Outra portuguesa, Inês Madeira Andrade, também viajou de propósito de Lisboa até Roma.
“Fui tradutora do Cardeal Ratzinger, traduzi dois livros dele, o primeiro em 1996 (O Sal da Terra). Depois ainda traduzi mais uma biografia e vim cá pela amizade que tenho pelo Cardeal Ratzinger e por isso, vim cá prestar-lhe a minha homenagem”, conta.
No final de uma celebração em que o silêncio e a introspeção apenas foram cortados pelos aplausos e pelos apelos à rápida canonização do Papa Emérito, a consternação dos dias anteriores deu lugar à vida habitual da Praça de São Pedro.
Os sorrisos voltaram. A Praça e a Basílica de São Pedro reabrem às 16h30 locais, menos uma hora em Portugal.