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JMJ Lisboa 2023. Acolher peregrinos em casa “é único e marcante”

06 jan, 2023 - 12:10 • Ângela Roque

Famílias que se disponibilizem a receber jovens durante a Jornada, em agosto, devem inscrever-se nas paróquias. A Renascença conversou com Mafalda Condado, voluntária da JMJ e que vai dar dormida a dois peregrinos. “Somos seis em casa, seremos oito nessa semana de agosto.”

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Para além das inscrições para peregrinos e voluntários, também as famílias que estejam disponíveis para acolher nas suas casas os jovens participantes na Jornada Mundial da Juventude podem candidatar-se nesta altura. O convite é dirigido às dioceses de Lisboa, Santarém e Setúbal.

Mafalda Condado – voluntária da JMJ, e que também vai receber peregrinos em casa – explicou à Renascença como decorre o processo, que passa sempre pelas paróquias. E conta como no caso da sua família foi fácil decidirem ajudar desta forma aquele que será um “evento único no país”.

Estão a decorrer as inscrições para se ser família de acolhimento durante a JMJ. Como é que o processo está a correr?

Está a correr bastante bem. São três as dioceses de acolhimento - Lisboa, Santarém e Setúbal, pela sua proximidade à cidade de Lisboa onde vai decorrer a Jornada Mundial da Juventude. As inscrições estão a correr nas paróquias que pertencem a estas dioceses. Vai sair agora uma campanha para apelar que se inscrevam junto das paróquias.

O processo passa sempre pelas paróquias?

Sempre. São as paróquias que recebem as inscrições das famílias de acolhimento e que depois alocam os peregrinos junto das famílias inscritas.

E quais são os requisitos para se ser família de acolhimento durante a JMJ? O que é que é preciso oferecer e assegurar?

O requisito que acreditamos que é necessário, acima de tudo, é o sentimento de comunhão, querer fazer parte de algo irrepetível, de um momento único.

Neste sentido, é necessário que as famílias disponibilizem espaço e tenham vontade de acolher estes peregrinos que vão estar em Lisboa de 1 a 6 de Agosto.

Mas, o processo é complicado?

Não, é fácil. É preciso disponibilizar um teto, dar guarida a estes jovens para pernoitarem, e também o pequeno almoço, sendo que isto não interfere na rotina das famílias, porque nós apenas lhes damos um espaço para dormirem e a primeira refeição. Depois, os peregrinos estão inseridos sempre nas atividades da JMJ e da paróquia onde estão acolhidos.

Isto passar pelas paróquias garante a idoneidade de quem recebe?

Claro que sim. No fundo, a responsabilidade é da paróquia. Nós, enquanto família, inscrevemo-nos na paróquia, preenchemos um formulário, dizemos quantos jovens podemos acolher. A ideia é que cada família acolha pelo menos dois jovens, até para facilitar esta relação que se vai criar entre os jovens e a família. Se fosse só uma pessoa que acolhêssemos, se calhar ia ser mais desconfortável para o próprio peregrino, que está a entrar na casa de pessoas que não conhece, de estranhos. Facilita mais quando são pelo menos dois jovens a serem acolhidos por uma família.

As paróquias é que vão estar responsáveis por estes jovens peregrinos. Aquilo que as famílias estão a fazer é assegurar que eles têm um espaço para dormir e que são bem recebidos. Somos um povo que recebe muito bem, calorosamente. No entanto, os jovens estão integrados na paróquia, que é quem faz a gestão do seu dia a dia. Ou seja, isto não traz um esforço acrescido às famílias, porque não têm de estar preocupadas com o que os jovens vão fazer durante o dia. É disponibilizarem-se e terem gosto, obviamente, em acolher estes jovens, mas também aproveitar a riqueza desta experiência, querer conhecer a sua cultura, receber o que estes jovens trazem para o seio das nossas casas, e retribuirmos com a nossa experiência familiar.

As inscrições vão durar até quando?

Não nos podemos esquecer que este é um evento sem precedentes em Portugal, temos que ter uma organização extremamente meticulosa e precisa. As inscrições neste momento estão a decorrer via paróquia, e hão-de prolongar-se durante algum tempo.

Há alguma preparação para as famílias que vão receber os jovens?

Há. As famílias inscrevem-se e depois a paróquia vai comunicar com cada uma. Há um conjunto de atividades que estão previstas, dependerá de paróquia para a paróquia, cada uma terá a sua organização, mas as famílias serão envolvidas numa preparação até ao momento em que os jovens peregrinos cheguem. Há todo um trabalho de preparação em articulação com a família e com os Comités Paroquiais (COP) que estão a organizar a JMJ.

A Mafalda é da paróquia dos Olivais, em Lisboa, e também vai acolher peregrinos em sua casa. Foi uma decisão fácil de tomar? Já tinha participado numa Jornada Mundial da Juventude, como jovem peregrina?

Eu não, o meu marido sim. Um dos nossos filhos também já esteve numa Jornada, portanto havia esta vontade. Para nós foi um processo natural, por estas experiências que tivemos dentro da família.

No entanto, já tivemos uma experiência similar com um casal mais velho que acolhemos em nossa casa há uns anos, para um encontro das Equipas de Nossa Senhora - movimento do qual fazemos parte, enquanto casal. Recebemos um casal libanês que esteve em nossa casa cerca de cinco dias, e foi uma experiência muito rica, apesar da barreira linguística. Eles falavam francês, o meu marido e eu falamos, mas não fluentemente - não praticamos no dia a dia -, e os nossos filhos não falavam francês. E foi bonito assistir à forma como a linguagem do amor superou a língua propriamente dita, e criou-se relação.

Foi uma experiência muito similar à que vamos ter, porque eles apenas dormiam e tomavam o pequeno almoço em nossa casa, mas depois tinham uma agenda muito própria: durante o dia estavam integrados no evento, apenas tivemos de lhes dar um quarto na nossa casa, algum conforto, e partilhar com eles a experiência, obviamente.

Neste caso, ser família de acolhimento também é uma forma de participar na JMJ?

Claro que sim, e esse foi um dos motivos. Como digo, nunca fui a uma JMJ e se calhar ficou aqui esta vontade de o ter feito, enquanto jovem. Já não somos jovens, mas isso não significa que não possamos participar. Os nossos filhos vão participar, mas nós, enquanto casal, iremos participar em tudo aquilo que for possível. É também uma forma de viver esta jornada.

São uma família de quantos elementos?

Temos cinco filhos, embora neste momento só quatro estejam a viver connosco. Somos seis, e disponibilizámo-nos para receber mais dois, mas se a paróquia tiver necessidade de aumentar este número, poderemos esticar aqui mais um bocadinho o espaço. Mas, à partida, seremos oito nesta semana de 1 a 6 de agosto, e estamos bastante empolgados por ir ter a casa cheia!

Então, as famílias podem receber mais do que dois jovens?

Podem receber mais. O mínimo são dois, mas desde que tenham este espaço e esta vontade, claro que sim. A ideia é receber o maior número possível de pessoas.

Quer deixar algum convite às famílias, sobretudo às de Lisboa, Santarém e Setúbal?

Quero deixar um apelo: deixem-se invadir por esta vontade. É uma experiência extremamente rica, e no caso de terem família com filhos, o acolhimento destes jovens peregrinos vai ser uma experiência única e marcante, e pode inspirar a família depois a tantas outras coisas!

Este é o nosso convite: que as pessoas se deixem impactar por este movimento e se deixem tocar para esta experiência da partilha e da comunhão, abraçando a lógica da globalização. Falamos sempre de um mundo global, em que não há fronteiras, então vamos experimentar isto no seio das nossas casas.

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