13 jan, 2023 - 13:29 • Henrique Cunha
A coordenadora Provincial do Serviço de Proteção e Cuidado, da Companhia de Jesus e uma das responsáveis pela formação para o cuidado dos menores e frágeis que a diocese do Porto vai promover nos dias 21 e 28 de janeiro, defende em declarações à Renascença que “não basta proteger”.
Segundo a professora universitária, a iniciativa traduz-se em “uma ação de sensibilização para ajudar na prevenção, para que as pessoas consigam fazer um levantamento a partir daquilo que é a função de cada um, e perceber quais são os riscos na interação com as crianças e com os jovens”.
A responsável defende que “a partir das causas conseguimos encontrar e procurar medidas”, e sugere por exemplo a existência de “um código de conduta que nos ajuda a perceber o que fazer e o que não fazer”.
A formação que, no dia 21 vai decorrer no Centro Pastoral de Oliveira do Porto e no dia 28 no Centro Pastoral de Paredes, visa também alertar para a necessidade de se “cumprirem certas regras que já estão na lei há muito tempo”.
Sofia Marques lembra “nomeadamente, a questão dos registos criminais que nem sempre em contexto de igreja se exige porque é tudo muito feito na base da confiança”.
“Todos nós podemos fazer parte desta missão e não achar que os outros é que são responsáveis nesta missão completa de prevenir, de detetar formas de maus-tratos e de agir”, sustenta.
Sofia Marques considera, por outro lado que “detetar sinais é absolutamente essencial, saber o que se fazer quando se detetam sinais é absolutamente essencial, e conseguir prevenir que essas ocorrências não acontecem é absolutamente essencial”.
É por isso que a formação pretende ajudar “perceber desde logo a consciência do que é maus-tratos e abuso”, até porque “a consciência que havia há uns anos é diferente da que existe hoje”.
Lembrando que “é nossa missão proteger e cuidar”, Sofia Marques aponta a possibilidade e necessidade, também nas paróquias, do tratamento do tema por profissionais.
“Também as paróquias independentemente de as pessoas serem maioritariamente voluntárias é preciso perceber que a capacitação para tratar de uma forma técnica e profissional o tema dos maus-tratos e dos abusos também pode, ou deve passar muitas vezes pela profissionalização”, sustenta.
A Coordenadora Provincial do Serviço de Proteção e Cuidado da Companhia de Jesus insiste ainda numa atenção redobrada a “estes sinais de alerta que nos provocam um eco interior quando sentimos que algo nos tira o sonho, e que nos deixa inquietos”, pois é crucial “sabermos interpretar como é que nós podemos partilhar com outros, e como é que nós podemos perceber o que é que está ao nosso alcance, o que é que pode ser feito, e de que forma é que se pode ajudar”.
“Depois não é só proteger. É preciso bem proteger”, remata.
De acordo com a informação disponibilizada pela diocese do Porto as ações de formação, destinadas a todos os agentes pastorais estão marcadas para dia 21, no Centro Pastoral de Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia, e dia 28 de janeiro, no Centro Pastoral de Paredes.
Em carta enviada a sacerdotes, diáconos e aos responsáveis dos secretariados, movimentos e obras, o bispo do Porto, D. Manuel Linda afirma que a “diocese do Porto está fortemente empenhada na erradicação de todo e qualquer género de abusos cometidos sobre menores e frágeis, concretamente de natureza sexual”.