01 fev, 2023 - 16:23 • Henrique Cunha , Aura Miguel , enviada da Renascença à República Democrática do Congo
O Papa condenou esta quarta-feira "a violência das armas, os massacres, as violações, a destruição e ocupação de aldeias, a pilhagem de campos e de gado que continuam a ser perpetrados na República Democrática do Congo". No encontro com vítimas de crimes de guerra do leste do país, Francisco disse estar “chocado" face a tanta "violência desumana”. “Não há palavras, resta-nos apenas chorar permanecendo em silêncio”, referiu.
O Papa voltou a condenar a "exploração sangrenta e ilegal" da riqueza do país, assim como as tentativas de o diviidir "para o poder controlar”. "Enche de indignação saber que a insegurança, a violência e a guerra, que tragicamente atingem tantas pessoas, são vergonhosamente alimentadas não só por forças externas, mas também de dentro, para daí tirarem proveito e vantagem”, sublinhou, pedindo a Deus para que converta “os corações de quem pratica tão cruéis atrocidades, que envergonham toda a humanidade”.
Francisco lamentou a continuação destes conflitos que "obrigam milhões de pessoas a abandonar as suas casas”, numa guerra “desencadeada por uma insaciável ganância de matérias-primas e de dinheiro, que alimenta uma economia de guerra que exige instabilidade e corrupção”. E apelou a todos os que "movem os cordelinhos da guerra” e enriquecem com a "exploração ilegal dos bens deste país e o sacrifício cruel de vítimas inocentes”. “Escutai o grito do seu sangue, fazei silenciar as armas. Basta! Basta se de enriquecer na pele dos mais frágeis”, exortou.
“É preciso ter muita coragem para darem estes tes(...)
Recordando que “o ódio só gera ódio”, defendeu que é preciso dizer “um claro e forte 'não'" a quem o propaga "em nome de Deus”. "Queridos congoleses, não vos deixeis seduzir por pessoas ou grupos que incitam à violência em nome de Deus. Deus é Deus da paz, e não da guerra. Pregar o ódio é uma blasfémia e o ódio sempre corrói o coração do homem”, alertou.
Interrogando-se sobre o que se pode fazer para "promover a paz”, defendeu a necessidade de se dizer “não à violência” e também “não à resignação”.
E porque “não se pode construir o futuro, permanecendo fechados nos próprios interesses, retraídos nos próprios grupos, etnias e clãs”, é fundamental dizer “sim" à reconciliação e à esperança. “Semear o bem faz-nos bem: liberta da lógica do ganho pessoal e dá de prenda a cada dia o seu porquê”, afirmou.
O Papa abençoou, ainda, “cada criança, cada adulto, idoso, cada pessoa ferida pela violência na República Democrática do Congo, e rezou para que “toda a mulher seja respeitada, protegida e valorizada”, porque “cometer violência contra uma mulher e uma mãe é fazê-lo ao próprio Deus, que assumiu a condição humana de uma mulher, de uma mãe”.