04 fev, 2023 - 13:18 • Aura Miguel , enviada da Renascença ao Sudão do Sul
Marta Aiengath tem 18 anos e vive na cidade de Rumbek, a 180 quilómetros de Juba. Inserida num grupo de 60 jovens de diferentes etnias e confissões cristãs, percorreu toda esta distância a pé para se encontrar com o Papa.
A peregrinação, organizada pelas irmãs missionárias do Loreto, que têm uma missão em Rumbek, quis proporcionar aos jovens uma experiência de unidade entre diferentes etnias e realidades. Os jovens seguem assim o exemplo de Francisco, que iniciou uma "peregrinação ecuménica de paz" no país, acompanhado pelo arcebispo de Cantuária, representante da Igreja Anglicana, e pelo representante da Igreja da Escócia.
Como foi essa caminhada de 180 quilómetros?
Começamos a caminhar no dia 25 de janeiro, em direção à Catedral de Juba. A caminhada foi dura, apanhámos sol, ficámos com bolhas nos pés, mas o mais bonito da caminhada foi a possibilidade de nos conhecermos melhor e darmo-nos conta de que somos todos humanos e temos as mesmas aspirações.
Já se conheciam, ou eram da mesma paróquia?
Não. Eu sou católica, mas havia outros protestantes, anglicanos e outros, mas unia-nos o facto de todos acreditarmos em Deus. Viemos de várias comunidades e diferente clãs. Não os conhecia antes, mas interagimos muito bem. Foi uma experiência bonita.
E como defines a tua experiência da guerra?
A guerra foi um horrível pesadelo, porque quando surgiu, devastou, separou tudo e destruiu famílias. Só ficaram cinzas. Não restou nada. Mas felizmente agora, as próximas gerações esperam que as coisas fiquem melhor, com mais moral e mais amor. Por exemplo, o Papa vir cá dar-nos a benção é uma grande honra e a juventude está muito grata por isso. Não consigo expressar a nossa alegria.
O que fazes em Rumtek, estudas vou trabalhas?
Acabei agora o liceu e o meu sonho é ser advogada, para defender as meninas e os direitos humanos.