08 fev, 2023 - 09:20 • Olímpia Mairos
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“Em estado de choque”. É assim que o arcebispo maronita de Alepo, D. Joseph Tobji, descreve o estado de espírito da população da região norte da Síria que sobreviveu ao sismo e agora se depara com a morte de familiares e amigos, e cidades cheias de destroços e de ruínas.
Segundo o arcebispo maronita, muitas pessoas, nas zonas mais afetadas, principalmente nas cidades de Latakia, Hamã e Alepo, têm-se recusado a regressar a suas casas com receio de possíveis desabamentos.
Para responder às inúmeras carências, as igrejas têm estado de portas abertas acolhendo famílias inteiras, dando abrigo e comida, permitindo que as populações se resguardem principalmente durante as noites gélidas que se fazem sentir nesta altura do ano.
“É uma fobia extrema, um choque extremo, as pessoas estão com muito medo. O que aconteceu é muito difícil porque o terramoto durou mais de um minuto sem interrupção”, conta o arcebispo à fundação AIS, explicando que “os edifícios ficaram danificados ou destruídos”, não só pela violência do sismo, mas também “por causa da guerra e de todos os bombardeamentos sofridos nestes últimos anos”.
Nesta entrevista à AIS, o arcebispo diz que, quando se deu o sismo, pouco depois das quatro horas da madrugada, estava no paço episcopal e sentiu também “muito medo”. Depois do abalo veio a urgência do socorro. E todos são poucos para auxiliar tantas pessoas aflitas.
“Agora, como todos os bispos, acolhemos muitas pessoas na nossa residência, mas também nas salas, nas escolas, nas nossas igrejas, distribuímos refeições...”, conta.
E, segundo D. Joseph Tobji, é precisamente na distribuição da comida e no abrigo que, neste momento, se centram as necessidades mais prementes.
É preciso “fornecer refeições e cobertores às pessoas, mas depois será necessário dar-lhes um teto porque muitas já não podem voltar para as suas casas, por terem ficado destruídas ou porque o prédio ficou fragilizado, por isso é muito perigoso”, alerta.
Face a tão grande catástrofe e à impotência em responder a tantas necessidades, o arcebispo maronita de Alepo pede as orações de todos.
“Por favor, rezem por nós, porque ao nível humano não podemos lidar com esta catástrofe. Que o Senhor tenha misericórdia de nós”, pede o arcebispo, implorando também ajuda para “reconstruir os edifícios, porque é o mais dispendioso e é urgente. Está frio, à noite a temperatura está entre os 3 e os 4 graus negativos, por isso as pessoas não podem ficar ao relento”.
De acordo com os balanços mais recentes, pelo menos 9.578 pessoas morreram na sequência dos violentos sismos sentidos na segunda-feira na Turquia e na Síria. Na Turquia, o último balanço apontava para 7. 108 mortes, enquanto na Síria o número era de 2.470 mortos.
A Organização Mundial da Saúde já alertou que o número de mortes provocados pelos sismos na Turquia e na Síria poderá ultrapassar os 20 mil, estimando que cerca de 23 milhões de pessoas tenham sido afetadas nos dois países.