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Abusos na Igreja. “Não foi fácil escutar, registar e ler cada um destes textos”

13 fev, 2023 - 11:50 • Olímpia Mairos

Sete vítimas de abusos cometeram suicídio e uma “imensa maioria” dos casos garante que os impactos dos abusos duram até hoje.

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A cineasta Catarina Vasconcelos, membro externo da Comissão Independente, que deu conta de vários testemunhos de vítimas de abusos, destaca que “não foi fácil escutar, registar e ler cada um destes textos” que retratam “eventos profundamente devastadores, traumáticos e marcantes pelos quais passaram todas as pessoas”.

“Há um número elevado de vítimas que consumaram o suicídio, um total de sete”, revela Catarina Vasconcelos com base em informação de casos descritos na imprensa ou obtidos por testemunhos de outrem.

Do estudo feito pela comissão resulta também a conclusão de que uma “imensa maioria” dos casos que os impactos dos abusos duram até aos dias de hoje. Entre eles, destacam-se os complexos de culpa e de inferioridade, conhecimento antecipado da satisfação sexual, medos de perda de identidade masculina e relacionamento com outros jovens.

A comissão independente assinala ainda que “nenhum abuso sexual deixa uma criança emocionalmente indiferente no que respeita ao impacto na relação posterior com a igreja”.

“Sabemos que a maioria dos testemunhos corresponde a vítimas que, enquanto crianças, se descreviam como religiosas e praticantes. Num primeiro grupo mais expressivo, as pessoas revelaram um corte com a igreja e o abandono total ou parcial de práticas religiosas”, destaca Catarina Vasconcelos.

Segundo a cineasta, o estudo evidencia o facto de a Igreja ter perdido fiéis como “consequência direta da existência de abusos sexuais de crianças praticados pelos seus membros”.

“Muitas pessoas declaram ter não só cortado qualquer tipo de relação que mantinham com a igreja, como ainda terem-se tornado ainda ateias ou mesmo anticlericais”, assinala.

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Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:

- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.

Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa

- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.

Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.

Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt

- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.

São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.

Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.

Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:

- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica

Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt

Comissão Independente valida 512 denúncias de abusos na Igreja
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