13 fev, 2023 - 16:12 • Joana Azevedo Viana
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A investigação ao abuso sexual de menores no seio da Igreja Católica em Portugal vai servir de "exemplo a outros países" que estão a investigar o mesmo fenómeno ou que venham a fazê-lo no futuro.
A ideia foi defendida em entrevista à Renascença por Javier Cremades, que atualmente lidera uma investigação semelhante ao abuso sexual de crianças e jovens por elementos da Igreja espanhola.
"É um relatório que ajuda a Igreja e toda a sociedade a entender melhor o drama humano que os abusos envolvem", defende o advogado, que esta sexta-feira esteve presente na apresentação do relatório final da comissão independente Dar Voz ao Silêncio.
Não é que este lado humano não tenha sido contemplado nos trabalhos de outras comissões noutros países. Contudo, destaca Cremades, "a questão é que creio que isto foi especialmente feito" na investigação portuguesa.
A prová-lo, indica o advogado, está o facto de ser um pedopsiquiatra a liderar a comissão independente, quando noutros casos, como o da Alemanha ou o de Espanha, foram sociedades de advogados as incumbidas pelas respetivas conferências episcopais a investigar alegações de abuso sexual de menores por padres, religiosos e leigos.
"Creio que é a primeira vez que se tentou, com tanta profundidade, entender melhor o impacto da situação nas vítimas", dando origem a um relatório "menos frio, que cobriu esta parte fundamental" do impacto dos abusos nas vítimas.
Por esse motivo, Javier Cremades considera que o trabalho da comissão portuguesa servirá de "exemplo para outros países, seguramente no caso espanhol vai ajudar-nos e inspirar-nos".
Questionado sobre quando será divulgado o relatório final da sociedade de advogados Cremades & Calvo-Sotelo, cujo trabalho conta também com o aconselhamento de Pedro Stretch, o advogado destaca que "Espanha tem 72 dioceses e quase 500 ordens religiosas", uma dimensão maior do que a portuguesa.
"Estamos a contar apresentar o nosso relatório no final do verão."
Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:
- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.
Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa
- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.
Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.
Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt
- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.
São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.
Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.
Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:
- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica
Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt