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Abusos na Igreja. Diocese de Lisboa admite afastar padres do "exercício público do ministério"

09 mar, 2023 - 15:58 • Ricardo Vieira

D. Américo Aguiar afirma que a diocese da capital poderá anunciar nos próximos dias medidas sobre lista de padres abusadores.

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A Diocese de Lisboa admite afastar preventivamente do exercício do ministério padres denunciados por abusos sexuais, esclareceu esta quinta-feira o bispo auxiliar D. Américo Aguiar, numa referência à lista entregue pela Comissão Independente.

"No que diz respeito a Lisboa, a lista é hoje entregue à comissão diocesana e, nos próximos dias, a comissão diocesana irá recomendar ao senhor cardeal patriarca o que é que ele deve fazer em relação às pessoas que estão nessa lista. Isso significa que, se a comissão disser que as pessoas A, B e C devem ser afastadas do exercício público do ministério, elas serão", garantiu o bispo auxiliar de Lisboa.

D. Américo Aguiar explica que a expressão "suspensão" ainda não deve ser utilizada nestes casos da lista de padres denunciados pelas vítimas que testemunharam junto da Comissão Independente, porque o processo ainda está numa fase muito preliminar.

“O vade-mécun da Santa Sé diz que não se deve utilizar a palavra suspensão, mas deve-se dizer proibição do exercício público do ministério. Mas isso é a mesma coisa? É, mas o vade-mécun diz: não se utiliza a expressão suspensão, porque a palavra suspensão no código significa aplicar uma pena, significa um processo e o resultado de uma investigação”, sublinha o bispo auxiliar de Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, o prelado adianta que a comissão diocesana vai analisar esta quinta-feira a lista de padres que alegadamente cometeram abusos e que vai propor medidas ao cardeal patriarca, D. Manuel Clemente.

"No ritmo de cada diocese, estamos a assistir às decisões de cada diocese. Assistimos ao comunicado quase imediato da Diocese do Funchal, ontem, Évora e Açores e nós, Lisboa, contamos eventualmente amanhã poder também fazer o mesmo. Hoje, vamos ter a reunião da comissão diocesana, porque o senhor patriarca entregou a lista de Lisboa à comissão diocesana e ela hoje vai reunir-se para propor ao senhor patriarca as medidas que ela acha que devem ser aplicadas", referiu D. Américo Aguiar.

Num apelo à serenidade, o bispo auxiliar de Lisboa sublinha que é preciso respeitar as regras do Estado de Direito por respeito pelas próprias vítimas.

“Estamos num Estado de Direito. Não queremos fazer juízos nem tomar decisões que não respeitem todas as regras do Estado de Direito. Eu penso que é uma homenagem às vítimas, que nós não podemos correr o risco de as vítimas voltarem a ser vítimas por algum procedimento menos correto da nossa parte. O respeito pelas vítimas também implica fazermos todos direitinho", declarou.

Depois do trabalho da Comissão Independente sobre os abusos na Igreja, D. Américo Aguiar defende que este agora é o "momento da justiça, da verdade e da ação" e garante que a Diocese de Lisboa também vai entregar a lista de nomes ao Ministério Público.

Questionado sobre eventuais indemnizações às vítimas de abusos, o bispo admite que nos casos em que um sacerdote condenado não tenha condições para pagar, a Igreja deve "suprir" e acarretar com essa responsabilidade.

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  • EU
    09 mar, 2023 PORTUGAL 18:38
    Após ter terminado o ensino básico dei entrada, com 10 anos, num colégio a cerca de trezentos kms de casa. Após uns dias, percebi que o colégio era um SEMINÁRIO. Havia três anos em internato, primeiro, terceiro e quinto. Sempre fui BEM TRATADO, bem como todos os restantes. Nunca me apercebi de MAUS tratos ou coisa parecida. As saudades fizeram com que a meio do terceiro ano pedisse para regressar a casa. Após um ano de paragem ingressei numa Escola Comercial e Industrial, ou seja numa escola pública. Aí fiquei a saber o que é ser INSURRETO. Fui OBRIGADO a perder a disciplina das aulas, por variadíssimas razões. Se queria, havia quem não quisesse. Depois, passados meia dúzia de anos dei entrada num estabelecimento militar, ou seja estabelecimento público. Voltei ao ciclo das saudades, pois estava a um dia de viagem de casa. Estou convencido que foi dos piores dias que passei. Depois, depois é a vida em CASERNA militar, calvário que passei por Angola e findou com o 25 de Abril até Dezembro desse ano. Quero com isto dizer que durante DEZ ANOS fui MALTRATADO nos estabelecimentos PÚBLICOS e não nos privados. Hoje quando ouvi D. Américo Aguiar a responder às Senhoras Jornalistas, apeteceu-me enviar-lhe um TELEGRAMA para Ele perguntar aos Jornalistas qual a RESPOSTA que lhes era mais favorável? Mas também gostava de perguntar, porque RAZÃO a justiça deixa prescrever o CRIME e deixa a BATATA QUENTE nas mãos da Igreja. E será SÓ na Igreja Católica que o crime existe? Pergunto.

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