10 mar, 2023 - 16:36 • Lusa
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O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro Ramos, anunciou esta sexta-feira ter recebido uma lista com três nomes de padres suspeitos de abuso de menores. Dois já morreram e outro já viu o seu caso investigado e arquivado pelo Ministério Público.
D. António Moiteiro Ramos adianta, em comunicado, que, em relação ao sacerdote investigado, "o Dicastério da Doutrina da Fé [Vaticano] (...) pede que o bispo diocesano continue a exercer o direito de vigilância".
"A diocese de Aveiro solicitou também à respetiva Comissão Diocesana para a Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis que desenvolva iniciativas de formação com sacerdotes, catequistas e responsáveis das Instituições de Solidariedade Social da área da diocese, em ordem a aprofundar a sensibilização de todos para a relevância deste tema, de modo a prevenir possíveis abusos", acrescenta o comunicado do bispo de Aveiro.
D. António Moiteiro Ramos assegura, por outro lado, que, "no que diz respeito ao apoio às vítimas, a diocese estará disponível para facultar apoio médico que venha a mostrar-se necessário".
"A Diocese de Aveiro compromete-se a tudo fazer para que estas situações dolorosas não voltem a acontecer no seio da comunidade cristã e reafirma, mais uma vez, "tolerância zero" para os abusos de menores e pessoas vulneráveis", conclui o comunicado.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais "devem ser entendidos como a "ponta do iceberg"" deste fenómeno.
A comissão entregou aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.
Na quarta-feira, a diocese de Angra, nos Açores, e a arquidiocese de Évora, anunciaram a suspensão cautelar de três sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos de abuso por eles praticados.
Já hoje, Patriarcado de Lisboa anuncia que a lista identifica 24 sacerdotes suspeitos de abusos, incluindo cinco ainda no ativo e oito que já morreram. Os sacerdotes suspeitos no ativo não foram ainda afastados do exercício de funções. A comissão diocesana diz que aguarda mais informações da Comissão Independente “com caráter de urgência".
A Diocese do Porto recebeu uma lista de alegados abusadores que continha 12 nomes, sete deles ainda vivos. Por agora, a diocese não vai avançar com o afastamento cautelar dos padres visados.
Também a diocese da Guarda anunciou a suspensão de um padre e a abertura de uma investigação.
Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:
- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.
Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa
- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.
Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.
Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt
- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.
São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.
Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.
Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:
- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica
Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt