10 mar, 2023 - 13:54 • Ângela Roque
A lista da Comissão Independente entregue ao Patriarcado de Lisboa identifica 24 sacerdotes suspeitos de abuso, incluindo cinco ainda no ativo e oito que já morreram.
Os números foram divulgados esta sexta-feira, ao início da tarde, num comunicado enviado pela diocese às redações.
Para além dos cinco sacerdotes no ativo, contam-se ainda dois doentes e retirados, e um que já abandonou o sacerdócio. São ainda referidos três sacerdotes sem qualquer nomeação atribuída e quatro nomes desconhecidos. Da mesma lista consta ainda um leigo.
No comunicado é indicado que a Comissão Diocesana de Proteção de Menores já pediu mais dados à Comissão Independente, e aguarda a resposta “com caráter de urgência”, para que seja possível entregar ao Cardeal-Patriarca as “recomendações que lhe permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo, e a assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas”.
A nota confirma, ainda, a saída dos sacerdotes que integravam a Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, tendo sido eleito como “moderador interino" - correspondente a presidente - o antigo Procurador-Geral da República José Souto de Moura.
Fazendo referência ao protocolo de colaboração assinado com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), o Patriarcado de Lisboa reafirma que “prossegue a sua determinação em erradicar o drama dos abusos contra menores e adultos vulneráveis, não só na área da prevenção, mas também no apoio que desejamos prestar a todas as vítimas, que permanecem no centro de todas as prioridades do trabalho desenvolvido por esta Comissão Diocesana”.
“Contamos igualmente com a colaboração do programa CARE, da APAV, no acolhimento de todas as denúncias que cheguem a esta Diocese”, através do endereço: protegereprevenir@patriarcado-lisboa.pt.
Os números da lista entregue ao Patriarcado não correspondem aos que constam no Relatório da Comissão Independente. Na tabela que quantifica os casos por diocese, são referidos 66 clérigos e 10 leigos como abusadores em Lisboa, mas de acordo com o comunicado de hoje, da lista só constam 24 nomes, e oito já morreram.
Entre os vários elementos da Comissão Independente que a Renascença tentou já contactar, apenas Ana Nunes de Almeida respondeu à chamada, mas recusou esclarecer porque é que existe esta discrepância nos números.
“Não vamos falar nada em relação às listas. Não vou fazer qualquer comentário”, afirmou, confirmando que já recebeu pedidos de esclarecimento de várias dioceses e que estão “a colaborar”.
Quanto à lista dos sacerdotes de congregações, que ainda não foi entregue à Confederação dos Institutos Religiosos de Portugal, diz que ainda estão a trabalhar nos dados, porque “é um processo muito complexo”, “há muitas congregações” e tem de haver “rigor” para as coisas serem “bem feitas”.