13 mar, 2023 - 06:00 • Ângela Roque
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Alertas para uma "economia que mata", desafio aos jovens para saírem do sofá, a importância do diálogo e da proximidade entre gerações, o flagelo dos abusos na Igreja. Dez anos de pontificado do Papa Francisco em dez frases.
1 - CELIBATO NA IGREJA
O fim do celibato foi admitido pelo Papa Francisco numa das suas mais recentes entrevistas, onde admitiu que esta obrigação “pode levar ao machismo" e destacou a necessidade de nomear mais mulheres para cargos de responsabilidade no Vaticano.
"Na Igreja Católica há sacerdotes casados: todo o rito oriental é casado. Não há nenhuma contradição em que um padre se possa casar. O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporária: não sei se se resolve de uma forma ou de outra, mas é provisório nesse sentido". (Entrevista ao portal argentino Infobae, em 10.03.2023).
2 - TOLERÂNCIA ZERO
A política de “tolerância zero” aos abusos sexuais na Igreja tem sido uma constante do pontificado do Papa Francisco, que em 2019 promoveu uma cimeira mundial sobre o tema, e elaborou um manual de procedimentos (vade-mécum) que define com regras de atuação claras e reforça a responsabilidade de cada bispo e de cada diocese na investigação e punição dos casos. Uma das suas frases mais fortes foi proferida ainda em 2016, durante a viagem de regresso a Roma da visita que efetuou ao México.
“Um bispo que muda de paróquia um sacerdote quando se reconhece um caso de pedofilia é um inconsciente e a melhor coisa que pode fazer é apresentar a renúncia. Está claro?”
3 - A MONSTRUOSIDADE DOS ABUSOS
Em inúmeras ocasiões tem repetido que a Igreja não pode esconder a tragédia dos abusos, que considera uma “monstruosidade”. Foi o que fez em entrevista à CNN Portugal, em 2022.
“O abuso de homens e mulheres da Igreja — abuso de autoridade, abuso de poder e abuso sexual - é uma monstruosidade. Um sacerdote não pode continuar a ser sacerdote se é abusador. Não pode. Porque é doente ou um criminoso.”
4 - DESIGUALDADES
O alerta para as desigualdades económicas têm sido uma constante. Logo em 2013 ficou célebre uma frase proferida na audiência geral de 16 de maio:
“O dinheiro deve servir e não governar. A maior parte dos homens e das mulheres do nosso tempo continuam a viver numa precariedade quotidiana com consequências funestas: o medo e o desespero.”
5 - CRISTÃOS NA POLÍTICA
Francisco também lembrou em diversas ocasiões a responsabilidade dos cristãos fazerem mais pelo bem comum, e servirem na política.
“Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós cristãos não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Devemos implicar-nos na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum.”
6 - AMOR PELOS POBRES
Com alertas constantes para “a economia que mata” e a favor do trabalho digno, Francisco já lembrou que isso não é ser de esquerda, e o que está na Doutrina da Igreja:
"Para alguns o Papa é comunista. Não se compreende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho! Terra, casa e trabalho, aquilo pelo que lutais, são direitos sagrados. Exigi-lo não é estranho, é a Doutrina Social da Igreja.”
7 - FAZER AS PAZES
São célebres os conselhos aos casais, para que alimentem a amizade e o amor, e nunca se deitem zangados.
“Há três palavras mágicas: ‘Pedir licença’ para não ser invasivo na vida do cônjuge; ‘Obrigado’, agradecer o que o outro fez por mim; e "desculpa", que às vezes é mais difícil, mas é necessário dizê-la. O segredo é que o amor é mais forte do que o momento em que se discute e, por isso, aconselho aos esposos: não acabem o dia em que discutiram sem fazer as pazes, sempre.” (Audiência-geral, 2 de abril)
8 - A IMPORTÂNCIA DOS IDOSOS
O Papa tem também incentivado a atenção aos mais velhos, e a importância da proximidade entre gerações.
“Os avós e os idosos não são sobras de vida, desperdícios para jogar fora. Mas são aqueles preciosos pedaços de pão deixados na mesa da nossa vida, que ainda nos podem nutrir com uma fragrância que perdemos, a fragrância da memória.”
9 - ESPERANÇA NOS JOVENS
O Papa, que em 2016 já tinha desafiado os jovens a saírem do “sofá” e lutarem pelo seu futuro, na mensagem que enviou para a JMJ Lisboa 2023 lembrou a importância do diálogo e da proximidade entre gerações.
“Os jovens são sempre a esperança duma nova unidade para a humanidade fragmentada e dividida. Mas somente se tiverem memória, apenas se escutarem os dramas e os sonhos dos idosos. Não é por acaso que a guerra tenha voltado à Europa no momento em que está a desaparecer a geração que a viveu no século passado. Há necessidade da aliança entre jovens e idosos, para não esquecer as lições da história, para superar as polarizações e os extremismos deste tempo.”
10 - MAIS EVANGELHO, MENOS TELEMÓVEL
Em plena pandemia, em 2020, na audiência geral em Quarta-feira de Cinzas, o Papa convidou os católicos a “desligar” os ecrãs e a dedicar tempo à Bíblia e à caridade.
“A Quaresma é o tempo propício para dar lugar à Palavra de Deus. É o tempo para desligar a televisão e abrir a Bíblia. É tempo para desligar-se do telemóvel e conectar-se ao Evangelho. É tempo para falar tu a tu com o Senhor.”