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“Queremos dar voz à nossa voz”. Vítimas de abusos na Igreja criam associação

16 mar, 2023 - 20:31 • Ana Catarina André

O objetivo é dar apoio a quem foi alvo deste tipo de crimes e reivindicar o pagamento de indeminizações. O grupo conta com o apoio da Comissão Independente, diz à Renascença Cristina Amaral, uma das fundadoras da organização, a primeira do género em Portugal.

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Vítimas de abusos na Igreja criam associação - Jornalista Ana Catarina André

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Três vítimas de abusos sexuais de menores na Igreja vão criar uma associação para apoiar outras pessoas que tenham sido alvo deste tipo de crimes. A organização terá o nome de “Coração Silenciado - Associação de Vítimas e Sobreviventes dos Abusos Sexuais da Igreja” e é a primeira do género a ser criada em Portugal.

“Queremos dar voz à nossa voz”, diz à Renascença Cristina Amaral, um dos três elementos fundadores da organização, todos eles vítimas de abusos na infância e adolescência, explicando que a associação nasceu de um sentimento de “indignação perante a resposta da Igreja”.

Não basta ir para as redes sociais, haver uma indignação geral. É preciso criar uma organização”, afirma, revelando que o grupo conta com o apoio da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal, entre os quais Pedro Strecht e Daniel Sampaio. “Têm-nos elucidado e ajudado na criação da associação.”

Além de prestar apoio psicológico e jurídico às vítimas, o grupo, que ainda não foi formalmente criado por “questões burocráticas”, pretende também reivindicar reparações financeiras.

“Todos gastámos muito dinheiro com terapias e medicamentos. Obviamente que as indemnizações estão em cima da mesa”. E esclarece: “Tencionamos que as vítimas sejam indemnizadas”.

A juntar a isto, a nova associação ambiciona também contar as suas histórias ao Papa Francisco, quando este vier a Portugal, no verão, para a Jornada Mundial da Juventude, e já pediu uma audiência ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entretanto agendada.

Além de Cristina Amaral, a associação é fundada por António Grosso e Alexandra (único nome pelo qual quer ser identificada).

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