17 mar, 2023 - 17:45 • Aura Miguel
O Papa sentou-se esta sexta-feira a confessar alguns fiéis numa paróquia de Roma. Como acontece desde o início do seu pontificado, Francisco presidiu à liturgia penitencial integrada na iniciativa “24 horas para o Senhor”.
Desta vez, escolheu a paróquia de Santa Maria das Graças, num bairro próximo do Vaticano, para uma celebração que incluiu um tempo para confissões. Após a homilia e durante a exposição do Santíssimo Sacramento, Francisco sentou-se numa cadeira, num dos corredores laterais da igreja, e ouviu várias pessoas em confissão, à semelhança do que fizeram outros sacerdotes e bispos presentes na celebração.
“Quem se sente demasiado rico de si e da sua bravura religiosa, quem se considera melhor do que os outros, contenta-se em salvar as aparências e não dá lugar a Deus, nem dialoga com Ele”, alertou o Papa na homilia.
A propósito do Evangelho, Francisco comparou esta atitude do fariseu com a do publicano. “O fariseu celebra-se a si mesmo com uma oração exteriormente impecável mas, em vez de se abrir a Deus, esconde hipocritamente as suas fraquezas”, enquanto publicano se mantém à distância e fica lá ao fundo. “Mas é precisamente esta distância, expressão do seu ser de pecador face à santidade de Deus, que lhe permite experimentar o abraço bendito e misericordioso do Pai, porque aquele homem Lhe deixou espaço, permanecendo à distância”, esclareceu o Papa.
"Perdão pelos pecados contra a vida, pelo mau testemunho que mancha o belo rosto da Mãe Igreja, pelos pecados contra a criação”"
Para explicar melhor o sacramento da Reconciliação, Francisco comparou a confissão a uma festa: “Quando nos confessamos, colocamo-nos ao fundo como o publicano, para reconhecermos, também nós, a distância que nos separa entre aquilo que Deus sonhou para a nossa vida e o que realmente somos no dia a dia. E, naquele momento, o Senhor aproxima-Se, encurta as distâncias e põe-nos de pé; naquele momento, enquanto nos reconhecemos despidos, Ele reveste-nos com o traje da festa”. Este “encontro de festa cura o coração e deixa-nos em paz dentro”, conclui o Papa. “Não se trata de um tribunal humano que mete medo, mas é um abraço divino pelo qual somos consolados”.
Francisco convidou os fiéis presentes a pedirem perdão a Jesus, sempre que “desprezo os outros ou murmuro contra eles” ou quando “não cuido de quem está ao meu lado, quando me mostro indiferente a quem é pobre e atribulado, frágil ou marginalizado”.
O Papa pediu perdão “pelos pecados contra a vida, pelo mau testemunho que mancha o belo rosto da Mãe Igreja, pelos pecados contra a criação”, por tantas “falsidades, desonestidades, faltas de transparência e integridade” e ainda por tantos “pecados ocultos, pelo mal feito aos outros e pelo bem que poderia ter feito e não fiz”.