27 mar, 2023 - 08:26 • Henrique Cunha
“O tema dos abusos sexuais tem abalado muitas pessoas”. – Bispo de Leiria-Fátima e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) insiste na ideia de que “houve e há” situações dentro da Igreja que “é preciso mudar”. D. José Ornelas lembra que todas essas situações tiveram grande eco nos órgãos de comunicação, e para muitos “abalou a credibilidade da própria Igreja”.
Na homília da Missa a que presidiu no Santuário de Fátima, durante a peregrinação diocesana de Leiria-Fátima, D. José Ornelas advertiu por outro lado para que não se esconder ou resignar, porque esse não é o caminho para uma Igreja “mais verdadeira, mais autêntica e mais cuidadora”. O bispo adianta que “reconhecer esta realidade é importante” e que “Isso significa não esconder nem se resignar ao mal”.
Na mensagem, divulgada pelo Santuário de Fátima, o presidente da CEP exortou à procura e conhecimento da realidade para se exprimir que “repudiamos esses maus procedimentos, que não são nem a generalidade nem o ser da Igreja, que somos nós todos”.
D. José Ornelas referiu que “a Igreja não é uma associação de mal fazer! Ela tem um propósito contrário: cuidar”. “Reconhecendo e pedindo perdão significa que nos colocamos do lado daqueles que os sofreram dramaticamente. Significa, ainda, a vontade firme de empreender caminhos de transformação, de cuidado e de apoio para restituir, na medida do possível, a justiça e a dignidade de quem foi injustamente ferido”, prosseguiu.
O bispo garantiu ainda que “como Igreja, não nos resignamos nem desanimamos, mas tudo faremos para que estas situações não se repitam e para que as nossas comunidades sejam expressão de carinho verdadeiro e espaços seguros para o crescimento dos mais pequenos e mais necessitados de proteção e de ajuda”.
“É preciso abrir os túmulos do faz de conta, do encobrimento. A abertura dos arquivos, que fizemos com coragem, tem de significar abrir o coração à justiça, à reparação, à esperança”, sublinhou.
D. José Ornelas lembrou que “a igreja não é só isto”, mas advertiu que “também não podemos tirar isto do nosso coração”.
O presidente da CEP admitiu que “muitas pessoas perderam mesmo o interesse de participar na vida da comunidade”, e propôs que se definam “outros caminhos”, com a ajuda do processo sinodal 2021-2024, lançado pelo Papa Francisco.