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Cardeal Patriarca de Lisboa

D. Manuel Clemente admite que questão dos abusos sexuais foi o momento mais difícil desde que está à frente do patriarcado de Lisboa

09 abr, 2023 - 13:29 • José Bastos , Inês Braga Sampaio , Ana Catarina André

O patriarca de Lisboa garante que tudo está a ser feito para proteger as crianças e os jovens. Na homilia do domingo de Páscoa, pede aos fiéis que saibam interpretar os sinais da ressurreição de Cristo, "mesmo quando tudo parece contrariá-la".

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D. Manuel Clemente admite que a questão dos abusos sexuais contra crianças na Igreja foi o momento mais difícil desde que está à frente do Patriarcado de Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, este domingo, após a missa do dia de Páscoa, na Sé de Lisboa, o cardeal patriarca de Lisboa garantiu que tudo está a ser feito para que situações como a dos abusos "não se repitam".

"Creio que [a questão dos abusos sexuais foi o momento mais difícil] para todos. Na Igreja e na sociedade portuguesa, este tipo de acontecimentos tão trágicos e tão negativos é para todos nós uma preocupação. Mas pronto, temos de resolver a preocupação, apoiando quem sofreu e resolvendo as coisas de maneira a que não se repitam", frisou.

D. Manuel Clemente esclareceu, ainda, que terá de ser o próprio Papa a tomar uma decisão sobre a possibilidade de receber as vítimas de abusos sexuais durante a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ):

"Isso é uma decisão que o próprio Papa tomará, mas nós estamos muito atentos a tudo isso, dando o apoio todo possível a cada uma das 21 dioceses portuguesas e fazendo tudo quanto está na nossa mão para que as coisas não se repitam, para que quem sofreu seja apoiado e para que as condições e o tratamento das crianças e jovens sejam outros."

Lembrando os últimos 10 anos em que esteve à frente do Patriarcado de Lisboa, o prelado disse que "foi uma década preenchida com o dia a dia e, também, com momentos altos que memorizam as pessoas e nos dão esperança". Recordou o sínodo diocesano como uma ocasião "que envolveu muita gente" e falou sobre " a atenção muito próxima a todas as instituições socio-caritativas da Diocese, que atravessam muitas dificuldades para responder a todas as necessidades". D. Manuel Clemente faz 75 anos a 16 de julho próximo, data em que deverá pedir a renúncia ao Papa, conforme estabelecido no direito canónico.

Na homilia da missa, D. Manuel Clemente convidou os fiéis a saberem interpretar os sinais da ressurreição de Jesus Cristo, mesmo quando não são evidentes, e sublinhou que a fé abre um horizonte novo.

"Saibamos interpretar e partilhar os sinais da ressurreição de Cristo mesmo quando não aparecem imediatamente e quando tudo parece contrariá-la. É desta forma que a fé vence o mundo, começando por nos convencer a nós. A simples razão não nos basta. A fé não dispensa a razão, a luz que Deus igualmente nos concede, mas abre-lhe um horizonte novo, que é a medida infinita de Deus", enalteceu.

Para D. Manuel Clemente, só a fé explica "como neste preciso momento, em situações dificílimas, em tantos lugares da Terra, haja cristãos que não desistem de afirmar a vida e alimentar a esperança".

O cardeal patriarca de Lisboa lembrou os testemunhos de vítimas de "perseguições, explorações de refugiados e maus-tratos de guerrilheiros e fanáticos", na Sexta-Feira Santa, na Via Sacra de Roma.

Para D. Manuel Clemente, o facto de aquelas pessoas terem reagido às vicissitudes "com fé, esperança e capacidade de perdoar" prova que "conseguiram ver Jesus entre tantos sinais de morte".

D. Manuel Clemente mencionou, ainda, a JMJ, que decorre em Lisboa no verão. O patriarca de Lisboa elogiou "as dezenas de milhares de jovens, nacionais ou estrangeiros", que preparam a Jornada:

"Num mundo onde há tantos sinais de morte e desesperança, eles divinam e anunciam a novidade de Cristo, que definitivamente os ultrapassa. São uma verdadeira oferta pascal da parte do ressuscitado, que estou certo ressuscitará muitos e rejuvenescerá a nossa igreja."

[notícia atualizada às 15h08 com as declarações de D. Manuel Clemente aos jornalistas]

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