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Igreja anuncia nova equipa de acompanhamento e paga apoio a 30 vítimas de abusos

20 abr, 2023 - 15:06 • Ana Catarina André

A nova equipa terá um mandato de três anos e será composta por quatro psicólogos, um assistente social e um psiquiatra. D. José Ornelas revela que há "cerca de 30 pessoas a serem apoiadas financeiramente para tratamento".

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Igreja paga ajuda psicológica a 30 vítimas de abusos
Igreja paga ajuda psicológica a 30 vítimas de abusos

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou esta quinta-feira uma nova equipa de acompanhamento às vítimas de abuso sexual e que está a apoiar financeiramente o tratamento de três dezenas de vítimas.

Chama-se “Grupo VITA – Grupo de Acompanhamento das Situações de Abuso Sexual de Crianças e Adultos Vulneráveis no Contexto da Igreja Católica em Portugal” e terá como missão “acolher, escutar, acompanhar e prevenir” estes casos, “dando atenção às vítimas e aos agressores”.

A nova equipa de trabalho, anunciada esta quinta-feira pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que surge depois da Comissão Independente liderada por Pedro Strecht, terá um mandato de três anos e será presidida pela psicóloga Rute Agulhas, um nome que tinha sido apontado a semana passada pelos bispos portugueses.

Contará também com os psicólogos Ricardo Alexandre, Alexandra Anciões e Joana Alexandra, o assistente social Jorge Neo Costa e a psiquiatra Márcia Mota.

Do grupo consultivo, fazem parte o padre João Vergamota, especialista em direito canónico, a professora universitária Helena Carvalho e um jurista, cujo nome está ainda por definir. A apresentação pública está marcada para 26 de abril.

“Agora entramos numa outra fase. Esta equipa é fundamental para acolher, acompanhar e tornar possível a reparação destas pessoas na medida do possível. É fundamental que saibam que da parte da Igreja não há atitude de defender-se, mas de objetivar o que aconteceu … e [fazer] também do ponto de vista económico aquilo que for necessário”, afirmou o presidente da CEP, D. José Ornelas, em conferência de imprensa.

"Gostaríamos de contar com a capacidade profissional destas pessoas para criar um sistema de formação e prevenção. Não é para ficar para as calendas", sublinha.

D. José Ornela explicou que o novo Grupo VITA tem um mandato de três anos, "para criar estruturas que possam capacitar a Igreja". "O próprio grupo diz que não se quer perpetuar como estrutura permanente", disse aos jornalistas.

O presidente reeleito da Conferência Episcopal explica que esta é "também é uma comissão articulada com o tecido da Igreja, seja com a coordenação nacional, seja com as equipas diocesanas".

Trinta pessoas apoiadas financeiramente para tratamento

O também bispo de Leiria-Fátima garante que "a ninguém vai faltar apoio financeiro da Igreja".

D. José Ornelas adianta que há "cerca de 30 pessoas a serem apoiadas financeiramente para tratamento".

"Não vamos dar estatísticas. [As vítimas] vão ter um acompanhamento real. A Igreja esta disponível para receber pessoas que foram vítimas de ajuda, que precisam de ajuda – e vão tê-la."

O presidente da CEP reforça que a Igreja "está disponível para ir ao encontro das pessoas e encontrar reparação para os danos" e assumir "as responsabilidades que possamos ter".

Já o porta-voz da CEP, o padre Manuel Barbosa, garantiu que os bispos portugueses estão "empenhados em prosseguir um caminho de reparação e prevenção para que seja possível garantir o devido apoio às vítimas e implementar uma cultura de cuidado e proteção dos menores e adultos vulneráveis nos nossos ambientes, contribuindo para erradicar este drama da sociedade”.

Abusos. “A nossa Igreja não pode voltar atrás neste caminho”, afirma D. José Ornelas
Abusos. “A nossa Igreja não pode voltar atrás neste caminho”, afirma D. José Ornelas

De acordo com a CEP, o Grupo VITA “terá a necessária autonomia para, em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional, desenvolver uma ação que contribuirá para capacitar, ainda mais, o valioso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Comissões Diocesanas no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como na formação preventiva dos agentes pastorais”. Está também previsto que seja elaborado um Manual de Prevenção comum a toda a Igreja em Portugal.

Os bispos deixaram também “uma palavra de grande proximidade a todos os fiéis leigos e consagrados, mas especialmente aos sacerdotes, reconhecendo o seu inestimável serviço às pessoas e comunidades”. “Caminhamos unidos na dor, mas também na esperança de que todos estes processos nos conduzam a uma Igreja purificada e renovada, fiel ao Evangelho do Senhor Jesus”, afirmou.

Em relação aos seminários, a CEP indica que “foi aprovada a nova versão da Ratio Nationalis Institutionis Sacerdotalis “O Dom da Vocação Presbiteral”, que inclui um capítulo sobre “o seminário e a cultura de prevenção e vigilância no que respeita aos abusos”.

O documento entrará em vigor após devido reconhecimento do Dicastério para o Clero.

Soluções para os problemas da escola, saúde e transportes

Na conferência de imprensa que assinala o fim da assembleia plenária dos bispos, que começou na segunda-feira, a Conferência Episcopal voltou também a manifestar “preocupações sociais quanto às graves dificuldades por que passam os cidadãos, famílias e instituições”.

Os bispos portugueses defendem que as medidas do Governo para atenuar os rendimentos, “que não são estruturantes, deveriam seguir o critério da proximidade para assegurar a justiça”.

“É desejável que seja encontrada a solução para os problemas relativos à escola (professores), à saúde (médicos, enfermeiros e gestão dos hospitais) e aos transportes públicos, em prol do bem comum”, afirmou o padre Manuel Barbosa.

[notícia atualizada às 16h26]

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