21 abr, 2023 - 08:30 • Henrique Cunha
O presidente da Confederação Nacional das Instituições Particulares de Solidariedade Social (CNIS), padre Lino Maia, diz que Portugal “precisa de mais 40 mil a 50 mil camas para idosos”.
"Para combater a exploração dos idosos e os lares ilegais”, era importante que houvesse "mais lares, mais casas para acolher muitas dessas pessoas".
Em declarações à Renascença, o sacerdote diz não ser particularmente a favor da ideia de "olhar para o lar como primeira opção", mas adianta que "para muitas dessas pessoas, é capaz de ser a única opção para encontrar condições dignas".
"Viver numa casa e só tem custos muitos elevados e não tem as respostas de que precisam os idosos", sublinha o presidente da CNIS.
"Nós precisamos de mais lares e precisamos de muito mais apoio domiciliário e, sobretudo, precisamos de respeitar os mais velhos", enfatiza.
Lino Maia nota que os lares “para muitos, são a única forma de as pessoas não estarem sós, e esse é o maior pesadelo para um idoso, que é apagar a luz e não ouvir uma voz humana”
"Os lares e os ERPIS [estruturas residenciais para pessoas idosas] são, muitas vezes, uma boa solução. É evidente que não é ideal, mas para muitas situações são a resposta melhor ou, pelo menos, a mais digna”.
O sacerdote não é adepto de "lares muito grandes porque se tornam facilmente em armazéns”. Para Lino Maia, "os lares devem ter uma dimensão que permita manter laços entre as pessoas”.
Mais de um milhão de pessoas vive só. Metade tem mais de 65 anos
O padre Lino Maia não ficou surpreendido com a revelação de que mais de um milhão de pessoas vivem sozinhas em Portugal e que metade dessas pessoas tem mais de 65 anos.
Os dados foram avançados pela Pordata, uma base de dados sobre Portugal contemporâneo com estatísticas oficiais e certificadas sobre o país e a Europa, e baseiam-se nos Censos 2021.
De acordo com a Portada, o número de pessoas que vivem sozinhas em Portugal "atingiu o maior valor de sempre".
O presidente da CNIS adianta que “não tinha esses números”, mas refere que “tinha essa impressão”, porque “nós temos muitas pessoas a viverem sós e a viverem sem condições, por vezes em casas com deficientes acessos e pessoas sem retaguarda familiar, o que nos deve merecer muita atenção”.
"Era importante que nós tivéssemos mais lares, mais casas para acolher muitas dessas pessoas", remata Lino Maia.