24 mai, 2023 - 11:17 • Redação
O Papa vai reunir-se com milhares de jovens e 30 galardoados com o Prémio Nobel a 10 de junho, na Praça de São Pedro, no Vaticano, num encontro internacional sobre a fraternidade humana subordinado ao tema "Não sozinhos" (#notalone).
O encontro vai assentar na partilha de experiências, apresentações artísticas e debates em torno dos verbos "participar, restituir, difundir".
A iniciativa apresenta-se como "uma oportunidade para promover a fraternidade e a amizade social entre as pessoas e entre os povos como antídoto para as inúmeras formas de violência e guerras que ocorrem no mundo", informou a agência Ecclesia, acrescentando que, após uma manhã de debates, os vencedores do Prémio Nobel vão elaborar um "Apelo à Fraternidade Humana".
No âmbito desta iniciativa, jovens de múltiplos países vão protagonizar o "abraço da paz", ao longo da Colunata de Bernini, na Praça de São Pedro, em ligação com "dezenas de praças no mundo".
O evento é organizado pela Fundação vaticana Fratelli Tutti, em colaboração com a Basílica de São Pedro, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e o Dicastério para a Comunicação, informou o 'site' de notícias do Vaticano, Vatican News.
"A ecologia, interpretada pelo Papa Francisco de uma forma holística, será também um dos temas abordados. Tudo está relacionado: o comportamento de uma sociedade tem consequências para o ambiente e para a qualidade da vida humana", explicam os organizadores do evento.
A iniciativa parte da encíclica "Fratelli Tutti", publicada pelo Papa Francisco em outubro de 2020, na qual critica o ressurgimento do populismo, do racismo e do discurso de ódio, muitas vezes propagado pelas plataformas digitais e redes sociais.
"A história mostra sinais de regressão. Reavivam-se conflitos anacrónicos que se julgavam superados e ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos", alerta o Papa no documento.
A encíclica denuncia "novas formas de egoísmo e de perda de sentido social mascaradas numa suposta defesa dos interesses nacionais".
No documento, que tem como tema central a fraternidade e a amizade social, o Papa apela a que se deixe de lado o "desejo de dominar os outros".
"Para tornar possível o desenvolvimento de uma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade baseada em povos e nações que vivem em amizade social, é necessária a melhor política, a política posta ao serviço do verdadeiro bem comum", escreveu.
Francisco sublinha ainda que o racismo é um "vírus que se transforma facilmente" e "está sempre à espreita" em "formas de nacionalismo fechado e violento, atitudes xenófobas, desprezo e até maus-tratos".
O portal Vatican News adianta que o dia, "pensado como processo e experiência de construção da fraternidade, será dividido em dois momentos: pela manhã alguns grupos reunir-se-ão para partilhar caminhos de comunhão que serão brevemente descritos à tarde", adianta o Vatican News.
Segundo este portal, os vencedores do Prémio Nobel que aderiram à iniciativa reunir-se-ão entre si e com personalidades da ciência, da cultura, do direito e de organizações internacionais para elaborar um documento de compromisso com a fraternidade humana, a ser apresentado ao Papa Francisco na Praça São Pedro.