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Futebol e Tráfico Humano

Obra Católica das Migrações: "Estamos a despertar para a realidade" do tráfico humano no futebol

14 jun, 2023 - 14:47 • Henrique Cunha

A Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) saúda a investigação que permitiu o desmantelamento de uma alegada rede de tráfico de jovens que estavam ao cuidado de uma academia de futebol em Riba d'Ave. A sua diretora adianta que a Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas (CAVITP) “quando ia às escolas fazer ações de sensibilização, falava na questão do desporto, e de como o desporto é um aliciador para estas situações”.

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A Obra Católica Portuguesa das Migrações saúda a investigação que permitiu o desmantelamento de uma alegada rede de tráfico de jovens que estavam ao cuidado de uma academia de futebol em Riba d'Ave.

Em declarações à Renascença, esta quarta-feira, a diretora da OCPM, Eugénia Quaresma, lembra os sucessivos alertas para a existência do fenómeno e adianta que "parece que estamos a despertar para esta realidade".

A responsável refere que “estamos a ser capazes de investigar e é bom termos investigadores, quer do lado da comunicação social, quer do lado das polícias, para investigar estas situações e para constituir prova”, porque “é importante o desmantelamento deste tipo de redes”.

Eugénia Quaresma recorda que a própria Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas (CAVITP), que é constituída por diversas congregações religiosas, “quando ia às escolas fazer ações de sensibilização, falava na questão do desporto, e de como o desporto é um aliciador para estas situações”.

“É triste, é um choque, mas é importante que isto seja desmantelado, e, portanto, é fundamental que possamos alertar os nossos jovens e também as famílias que por vezes se possam deixar enredar.”

A Obra Católica Portuguesa das Migrações integra a Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas, que discutiu o caso de Riba d’Ave na sua reunião desta quarta-feira.

“Falamos do quão chocante é este tipo de casos e de como é importante haver canais de denuncia e falar dos sinais de alerta”, revela.

Eugénia Quaresma recorda que “por lei os nossos documentos pessoas não podem ficar retidos e quando há privação de movimentos e as pessoas ficam confinadas a um espaço isso também não pode acontecer”, invocando "sinais de alerta para que haja uma denúncia, que deve ser feita às instituições oficiais”.

A responsável reconhece que o mediatismo do futebol não ajuda à denúncia e pede, por isso, redobrado esforço para “se evitar o aliciamento dos jovens que veem atrás de um sonho ou à procura de melhores condições de vida”. A responsável afirma que “este tipo de casos nos ensina também a ser precavidos em relação aos sonhos, ainda que estejam ligados a um clube ou a uma agência”.

Nestas declarações à Renascença, a diretora da Obra Católica das Migrações recorda que o Vaticano publicou, em 2019, as orientações pastorais sobre o tráfico de seres humanos em que chama a atenção para o facto de “ainda estarmos no início do trabalho de combate a este fenómeno”.

“É um documento que temos à nossa disposição e que nos diz que o trabalho que possamos fazer está muito no início e implica uma transformação das nossas estruturas e da nossa maneira de funcionar enquanto sociedade que está muito assente na exploração”, acrescenta. “Combater isto exige uma conversão de coração, uma conversão de mentalidades e uma orientação também dos nossos sonhos”, remata.

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  • Anastácio José Marti
    16 jun, 2023 Lisboa 08:04
    Com este meu comentário, faço-o com o objetivo de informar quem o ler, e a própria APAV, de que o tráfico humano em Portugal não se faz apenas pelo futebol, mas também, pelo sexo, para estarem a trabalhar na agricultura horas e mais horas e sem receberem, etc, situações estas sobre as quais nada ouvimos nem lemos por parte de ninguém da APAV, das autoridades portugueses, nem da Provedoria de Justiça, pois quando após conhecimento das instituições mencionadas e não só, de que na Administração Pública portuguesa continua a existir um funcionário público DEFICIENTE e LICENCIADO há três décadas que ainda hoje, 16/6/2023, continua a ser ilegal, imoral anti ético e desumano a ser impedido de se realizar profissionalmente e de ingressar na carreira de Técnico Superior com as cumplicidade e conivência das instituições mencionadas, em pleno século XXI, e num país que subscreveu a Declaraçã Universal dos Direitos Humanos mas que nunca a respeitou como estes exemplos disso fazem prova, o que podem esperar os portugueses se APAV e da Provedoria de Justiça que nada continuam a fazer para não serem, como sempre o foram, cúmplices e coniventes com estas ilegalidades cometidas e deixadas cometer por quem as comete, inclusive o estada português?

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