15 jun, 2023 - 15:33 • Aura Miguel
A Companhia de Jesus anunciou esta quinta-feira que decidiu expulsar o padre Marko Rupnik, na sequência de denúncias de abuso de pelo menos nove freiras.
Em comunicado, os jesuítas referem que o Superior Geral Arturo Sosa, "com o coração cheio de dor", demitiu o padre esloveno "em conformidade com o direito canónico, pela sua recusa obstinada em observar o voto de obediência".
O padre e artista plástico Marko Rupnik, acusado de ter abusado física e psicologicamente de inúmeras freiras, continuou a viajar para fora de Itália e a realizar projetos artísticos, apesar das restrições impostas pela Companhia de Jesus.
Após numerosas denúncias contra Rupnik, provenientes de várias fontes e relacionadas com atos praticados ao longo de mais de 30 anos, a Companhia de Jesus impôs-lhe restrições sobre os seus movimentos e actividades artísticas, que o pároco violou repetidamente nos últimos meses.
O comunicado da Companhia de Jesus refere que “foi imposto ao padre Marko Rupnik mudar de comunidade e aceitar uma nova missão, como derradeira possibilidade de, enquanto jesuíta, acertar contas com o próprio passado e dar um claro sinal às numerosas pessoas lesadas que testemunharam contra ele, para assim poder entrar num percurso de verdade”.
Contudo, tal não aconteceu, indicam os jesuítas: “Perante a recusa reiterada de Marko Rupnik em obedecer a este mandato, restou-nos apenas uma única solução: a demissão da Companhia de Jesus.”
A partir de agora, segundo as normas canónicas, o padre esloveno tem 30 dias para recorrer da decisão.
As obras de Marko Rupnik são famosas e estão espalhadas um pouco por todo o mundo, em centenas de igrejas, capelas e santuários. Uma delas encontra-se em Fátima, na basílica da Santíssima Trindade, ocupando a parede toda, em mosaico dourado, atrás do altar principal.