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Papa assinala os 400 anos de Pascal com Carta Apostólica

19 jun, 2023 - 15:58 • Aura Miguel

Francisco elogia a capacidade do filósofo e teólogo francês em falar “admiravelmente da condição humana”

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“Grandeza e miséria do homem ('Sublimitas et miseria hominis') é o título de uma Carta Apostólica do Papa Francisco dedicada à obra do filósofo e teólogo francês Blaise Pascal.

O documento publicado esta segunda-feira assinala o quarto centenário de nascimento deste grande brilhante pensador que Francisco define como "um companheiro de estrada que acompanha nossa busca pela verdadeira felicidade".

O Santo Padre recorda que Pascal, desde criança e por toda a vida, procurou a verdade. Com a razão, esquadrinhou os sinais dela, especialmente nos campos da matemática, geometria, física e filosofia. Em idade ainda muito precoce, fez descobertas extraordinárias, alcançando fama considerável. Mas não ficou por aí.

“Num século de grandes progressos em muitos campos da ciência, acompanhados, porém dum crescente espírito de ceticismo filosófico e religioso, Blaise Pascal mostrou-se um incansável investigador do verdadeiro: como tal, permanece sempre «inquieto», atraído por novos e mais amplos horizontes”, recorda Francisco.

Pascal nunca silenciou nele a questão, antiga e sempre nova, que ressoa no ânimo humano: «Que é o homem para Te lembrares dele, o filho do homem para com ele Te preocupares?».

“Esta pergunta está gravada no coração de cada ser humano, em todo o tempo e lugar, de qualquer civilização e língua, independentemente da sua religião. Assim vemos Pascal interrogar-se: «Que é um homem na natureza? Um nada comparado com o infinito, um tudo comparado com o nada».

Para ele, "a abertura à realidade significava não se fechar aos outros, nem mesmo na hora da sua última doença”, escreve o Papa.

Nesta Carta, Francisco elogia a capacidade de Pascal em falar “admiravelmente da condição humana” e sublinha que “o monumento formado pelos seus Pensamentos, de que alguns ditos isolados ficaram célebres, não se pode compreender realmente se se ignora que Jesus Cristo e a Sagrada Escritura constituem simultaneamente o centro e a chave do mesmo”.

O Papa elogia a preocupação de Pascal em “dar a conhecer a todos que «Deus e o verdadeiro são inseparáveis», mas sabia que o ato de crer é possível pela graça de Deus, recebida num coração livre”, advertindo-nos “contra as falsas doutrinas, as superstições ou a libertinagem que mantêm, a tantos de nós, longe da paz e alegria duradouras d’Aquele que deseja que escolhamos a vida e a felicidade, não a morte e a desventura”.

A Carta do Santo Padre também revela que, “meditando os Pensamentos de Pascal, encontramos de certa forma este princípio fundamental: «A realidade é superior à ideia», porque Pascal ensina a desviar-nos das «várias formas de ocultar a realidade», desde os «purismos angélicos» aos «intelectualismos sem sabedoria». Nada é mais perigoso do que um pensamento desencarnado: «Quem quer fazer o anjo, faz a besta».”

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