19 jul, 2023 - 08:43 • Filipa Ribeiro
Por estes dias, quem pensar em visitar a sede da fundação Scholas Occurrentes vai ter de fazer um pequeno desvio. O edifício que fica na antiga escola Conde Ferreira, no Centro Histórico de Cascais, está em obras. “Precisava de ser requalificada” de acordo com João Romão, voluntário na fundação, junta-se assim o útil ao agradável. Até à Jornada Mundial da Juventude a Scholas Occurrentes está instalada no Centro Logístico de Cascais.
A fundação chegou a Portugal anos antes de 2019, mas só em Março desse ano foi oficializada no país. Mas não é uma ideia nova: a fundação foi criada em Buenos Aires, pela mão do na altura cardeal Jorge Mário Bergoglio, que viria a ser o Papa Francisco.
De máquina fotográfica na mão, João Romão, voluntário, explica no que consiste esta fundação. “O Scholas é uma fundação com um objetivo principal que é trazer uma forma de educação diferente. Não tão expositiva, mais prática baseada na arte, jogo e pensamento que são as três divisas que temos, portanto, tenta basear-se mais nas paixões e vocações dos jovens”, explica.
Atualmente há cerca de 40 voluntários na fundação. João Romão diz que as portas estão abertas para todas as idades. “Temos vários projetos, com muitas atividades sempre ao fim de semana”, começa por dizer, “Temos um grupo sobre saúde mental, criado por jovens que acharam que a questão da saúde mental era importante para abordar na adolescência. O grupo chama-se - não estás sozinho - e organiza eventos com profissionais da área”, diz João Romão. Na fundação há ainda um grupo de cinema e uma horta comunitária, mas existe abertura para abrir mais áreas.
O João está na Scholas Occurrentes há mais de um ano, entrou depois de ter participado na atividade “Cidadania” onde várias escolas do concelho de Cascais se juntam para discutir várias problemáticas.
Quanto a despesas, a Scholas Occurrentes é uma fundação com capacidade de autogestão, através de angariação de fundos que vai fazendo. Em grandes eventos conta com o apoio da Câmara Municipal.
Não há um voluntário que não tenha no rosto um sorriso e uma expressão de ansiedade. “Saber que o Papa Francisco nos vem visitar deixou-nos muito felizes. Não estávamos à espera e era uma coisa que queríamos muito. Aliás, quando pensamos neste mural que estamos a fazer, decidimos que a última pintura tinha de ser do Papa Francisco”, conta João Romão com um sorriso de um lado ao outro do rosto.
Há mais de um mês que todos os dias dezenas de pessoas se juntam para pintar partes do mural que vai ser montado na marginal entre Estoril e a sede da fundação Scholas Occurrentes.
Na garagem do Centro Logístico de Cascais é preciso andas em bicos de pés para conseguir caminhar entre as latas de tinta e os extensos pedaços de papel que estão a ser pintados por funcionários da Câmara Municipal e voluntários. Entre as vozes cruzadas que se ouvem, o cheiro a tinta e a música de fundo há quem esteja a olhar para o que está a ser feito e pensar no que ainda falta fazer.
As dezenas de pessoas que estão nesta garagem estão dividas em grupo por painel, cada painel tem um tema. Logo depois
da porta de entrada está Silvia Jordão, funcionária na Câmara, segura um pincel com tinta amarela, o painel que está a ajudar a pintar é amarelo, com pormenores azuis pretos. “Estamos a fazer um conjunto de desenhos que representam as nossas dores, mas que aqui acabam por se transformar em esperança e energias positivas”, explica.
Mais ao centro da garagem está Catarina Lopes, voluntária. A tela que está a ajudar a pintar é azul e verde. “Uma mistura de tecnologia com a sociedade de hoje em dia, vamos misturar coisas robóticas num fundo verde de relva e azul do céu”. Decidiram em grupo o tema que iriam desenhar “estivemos indecisos mas chegamos a uma conclusão, fizemos o projeto e temos regras há coisas que não podemos fazer como letras e números”, confessa Catarina.
Espalhadas pelo espaço estão várias mesas com latas de tinta, por elas são responsáveis um grupo de voluntário do qual faz parte Rafael Nascimento. “Estamos a fazer as cores, nem sempre é fácil mas estamos aqui todos juntos é uma alegria”, começa por dizer. Rafael é voluntário na Scholas Occurrentes desde Junho que está também a trabalhar neste mural quer acreditar que o Papa Francisco vai gostar do trabalho que estão a fazer. “Acredito que fique contente por ser uma coisa única no país e no mundo”, diz Rafael.
Vão ser cerca de 3 Km de obra de arte. O objetivo é tornar o trabalho num recorde mundial, mas também numa recordação que o Papa Francisco nunca esqueça.