31 jul, 2023 - 06:01 • Ana Catarina André
Uma mobilização que não fica por aqui, uma demonstração de que os jovens querem uma mudança e uma oportunidade para que a Igreja aprofunde o diálogo com o mundo. É assim que o cardeal-patriarca de Lisboa, o bispo de Santarém e o padre José Lobato, que é administrador diocesano de Setúbal, olham para o encontro dos jovens de todo o mundo com o Papa Francisco que começa esta terça-feira.
“No mundo em que vivemos, em que há violência, em que a corrupção é preocupante, onde há injustiças, desconsideração pela pessoa humana, uma Jornada Mundial da Juventude pode ser um grande sinal para o mundo que os jovens dão quando se juntam aos milhares, com o Papa, a ouvir uma mensagem. Certamente querem uma coisa diferente”, diz o bispo de Santarém, D. José Traquina.
“Não é apenas um evento como se fosse um festival para nos divertirmos. É muito mais”, reforça.
Olhando para a preparação que teve lugar na diocese de Lisboa, D. Manuel Clemente diz que a mobilização dos jovens vai continuar “de outra forma”.
“Não é para fazer uma Jornada Mundial da Juventude, mas para fazer coisas em conjunto, para participar ativamente na vida da igreja e naquilo que for preciso”, diz o patriarca de Lisboa, recordando que propôs que se fizesse um encontro, depois do verão, com todos os que participaram na organização da JMJ para pensar o futuro da pastoral na diocese.
D. Manuel Clemente lembra que a participação dos jovens na preparação da JMJ “não é episódica”.
“Estão a trabalhar há três anos”, lembra o cardeal lisboeta, acrescentando que, do ponto de vista pastoral, é “surpreendente” o percurso feito até agora.: “Revela uma face da Igreja, um conjunto de gente católica, padres ou leigos, que não estaríamos assim tão propensos a imaginar. É uma coisa espantosa.”
Em Setúbal, outra das três dioceses que vai receber peregrinos, o administrador diocesano espera que o “diálogo da Igreja com o mundo seja retomado e aprofundado com esta presença jovem”.
Para o padre José Lobato, que ocupa um lugar provisório até que seja nomeado um novo bispo, a JMJ “já está a mudar mentalidades”.
“Também nós, padres, não podemos trabalhar nas nossas comunidades, com os jovens como se fossem decoração”, sublinha.
De acordo com o sacerdote, a JMJ tem a “tónica de os jovens se encontrarem como iguais, como irmãos, mesmo que não tenham a mesma fé ou a mesma ideologia política”.
“Essa é a garantia para não haver mais guerras e mais coisas horríveis como há hoje. Que as novas gerações tenham outra maneira de viver, pensar e agir.”