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JMJ terá um “momento simbólico” contra a Guerra e jovens a falar pela primeira vez nas catequeses para “bispos masterchefs”

31 jul, 2023 - 06:00 • José Pedro Frazão , Maria Costa Lopes

Em entrevista à Renascença, o presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude revela que haverá um “momento especial” com os jovens de todos os países em guerra, em vez do encontro entre russos e ucranianos que vinha sendo planeado. A deslocação do bispo auxiliar de Lisboa à Ucrânia mudou em definitivo este momento de uma Jornada onde os bispos vão ter que “cozinhar” as suas mensagens com os contributos que os jovens vão deixar nas catequeses. D. Américo Aguiar descreve a Jornada de Lisboa como mais digital, ecológica e aberta a todos, mesmo que não esteja confirmada a presença de um peregrino das Maldivas para que todos os países estejam representados.

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Jornada Mundial da Juventude terá um “momento simbólico” contra a Guerra
Jornada Mundial da Juventude terá um “momento simbólico” contra a Guerra

Quando D. Américo Aguiar chegou à Ucrânia a meio do mês de Julho, foi convidado a assistir ao funeral de um jovem soldado no Templo Garrison , greco-católico, de Lviv. A despedida do filho do militar morto em combate causou grande impacto emocional no presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude, que subsistiria durante os quatro dias da viagem e redundou na reformulação do “momento de surpresa” que se preparava em torno do diálogo entre jovens russos e ucranianos em Lisboa.

Logo na Ucrânia, D. Américo percebeu que esse encontro projetado para Lisboa seria muito difícil. Duas semanas depois, sentado na sede da JMJ, a dois dias do início da Jornada, D.Américo revela um plano alternativo.

“O que vamos fazer, na Jornada propriamente dita, é um sinal com os jovens de países que estão em guerra. Infelizmente, não é só a Ucrânia que está em guerra, há muitos outros países do mundo que estão em guerra. Nós teremos um gesto simbólico com os jovens desses países, para gritarmos como João Paulo II gritava : "Não mais a guerra", avança em entrevista à Renascença, adiantando apenas que vai acontecer num “momento especial” da Jornada. O bispo auxiliar de Lisboa adianta que o primeiro grande símbolo da JMJ em relação à Ucrânia já foi dado com esta visita aquele país em guerra.

D. Américo Aguiar confessa que desistiu “definitivamente” de um encontro entre jovens oriundos dos dois países depois da viagem à Ucrânia, mesmo que já tivesse ecos dessas dificuldades antes de partir de Lisboa. “O coração ainda sangra, as feridas estão a cicatrizar e é preciso tempo. Tal como nas nossas famílias, nas nossas relações uns com os outros, quando há uma zanga, quando há um problema, quando há uma dificuldade, é preciso tempo”, explica o bispo que será feito Cardeal no Consistório agendado para 30 de setembro.

“Cozinhar” as ideias novas dos jovens

Os ucranianos estão a chegar a Lisboa, mas foi perante uma plateia de jovens, ainda antes da partida, que D. Américo revelou que as suas vozes iriam ser escutadas em plano de igualdade com as dos milhares que vêm do mundo inteiro. “Os bispos vão ter que ouvir”, disse então na Ucrânia, numa referência à participação dos jovens nas catequeses, que constituirá uma inovação da JMJ em Lisboa.

“Na primeira parte desse encontro serão os jovens que vão falar. É o senhor bispo que é convidado a ouvir. Ele vai ouvir, vai assimilar e vai tentar traduzir isso naquilo que é a sua própria catequese e comunicação aos jovens. Ser esse "Master Chef" é ter ali os "ingredientes" novos, em direto e, com aqueles jovens que vai ouvir e acolher, vai ser convidado a pegar nisso e a colocar na mensagem que leva aos jovens. De tudo isto, vamos fazer uma súmula, para também ser um contributo para aquilo que será o Sínodo em Roma, no mês de outubro”, revela nesta entrevista à Renascença. Entre as particularidades da Jornada portuguesa, D.Américo sublinha a dimensão totalmente digital e ecológica da Jornada e a presença de peregrinos de todo o mundo em Lisboa.

A representação de todos os países do mundo não está ainda totalmente garantida. “Ainda há dúvida se conseguimos um jovem das Maldivas”, confessa o presidente da Fundação JMJ que destaca a presença de peregrinos de países como a Coreia do Norte, do Butão “de onde nunca tinha vindo ninguém” ou de Chipre “que nos enviou a primeira comitiva de sempre”.

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