01 ago, 2023 - 20:25 • Tomás Anjinho Chagas
“Ai bem, deixem-me passar”, suspira um homem que tenta descer as escadas para entrar na estação de metro do Saldanha, esta terça-feira, em Lisboa.
A frase sai-lhe espontaneamente e só depois repara no microfone da Renascença, altura em que sorri, resignado. Vai na direção contrária de milhares de peregrinos que não param de chegar a esta paragem de metro - uma das mais próximas ao Parque Eduardo VII, onde arranca a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com uma missa presidida por D. Manuel Clemente.
No ar há muita energia: gritos, cânticos e aplausos que ecoam nas paredes da estação do Saldanha. À superfície, o cenário é invulgar, onde as estradas cortadas ao trânsito contrastam com o enorme fluxo de peregrinos que circulam a pé.
Descem a Avenida Fontes Pereira de Melo - que liga a Praça do Saldanha à rotunda do Marquês de Pombal - e pintam a estrada e o passeio com todas as cores.
As bandeiras da Polónia, Filipinas, Austrália, Itália ou Portugal denunciam a diversidade dos que chegam a esta zona para assistir à abertura da JMJ.
“Havia muita gente, mas como a maioria vinha para a JMJ, juntamo-nos com espanhóis e mexicanos para cantar. Foi muito bom”, relata uma peregrina que pertence a um grupo que veio de Salamanca, em Espanha.
Para chegar ao centro de Lisboa o metro estava lotado, mas a falta de espaço foi anulada pela boa disposição, diz.
Menos otimista é a visão de Soraia de Sá, uma guineense que não veio a Lisboa para a JMJ. Sobe as escadas de mão dada com uma criança e descreve a experiência de andar de metro nesta altura com um “isto é um caos!”.
“Não há sítios para sentar, está completamente cheio”, prossegue a mulher que, apesar disso, não vê apenas pontos negativos nesta rede de transportes inundada de peregrinos. “Está a ser bom. É só a questão dos transportes. De resto, o meu filho até curtiu porque estavam todos a cantar e ele divertiu-se”.
Entre os que gostam de ver o Metro cheio e aqueles a quem isso incomoda, há também quem evite andar de transportes e soma quilómetros na sola dos sapatos.
É o caso de um grupo de voluntários que veio de São Tomé. “Estamos instalados em Alcântara, mas fomos até à Universidade Católica de autocarro e de lá viemos a pé”, descreve um jovem de camisola amarela, a cor dos voluntários desta JMJ. A escolha foi feita a pensar no que seria "mais fácil" e para "evitar a confusão" que adivinhavam nos transportes públicos. A festa, esta faz-se em qualquer lugar.