01 ago, 2023 - 13:18 • Lusa
O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) denunciou esta terça-feira, no aeroporto do Porto, algumas "condições deploráveis" a que agentes da PSP deslocados em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) estão sujeitos, falando em falhas de higiene e limpeza.
"Têm-nos chegado alguns relatos, inclusive algumas imagens. Nós ainda estamos em fase de processamento, a identificar quais os sítios que não têm as condições ideais, mas são imagens fortes, em condições deploráveis e dignas de terceiro mundo que nós vamos tentar escrutinar e alertar", disse esta terça-feira aos jornalistas o responsável pelas ações de luta do Sinapol, Tiago Fernandes.
O Sinapol iniciou esta terça-feira no aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia (distrito do Porto), uma semana de ações de luta que decorrem ao mesmo tempo da JMJ, que se inicia esta terça-feira, em Lisboa, e decorre até domingo.
Tiago Fernandes elencou situações como "chuveiros todos sujos, falta de limpeza, falta de higiene, camas de ferro, alimentação dúbia, reforço dúbio".
"Por isso é que marcámos estas ações. Não só para reivindicar a nossa valorização salarial, mas para fazer um acompanhamento diário junto dos nossos colegas, que estão a exercer serviço e, com esse acompanhamento, solucionar algumas situações pontuais e apelar à sensibilidade para que algumas coisas sejam resolvidas de forma célere", justificou.
Também relacionada com a JMJ está a questão das ajudas de custo aos agentes, que está no máximo permitido por lei (43 euros). Sobre este assunto, o Sinapol refere que "não é atualizado há mais de uma década", há "quase 15 anos".
Ao valor total subtraem-se cinco euros de alojamento, mais valores referentes a "três refeições, porque é fornecida uma refeição na hora de serviço, mas nas outras refeições o elemento terá que se deslocar" para comer.
"Falamos de Lisboa, uma das capitais mais caras da Europa, e um preço de uma refeição nunca andará muito por baixo dos 10 euros. O elemento chega ao fim e não está a ganhar dinheiro, não está a ser valorizado, e num caso ou outro ainda poderá ter que tirar dinheiro do próprio bolso para estar a trabalhar", assinalou Tiago Fernandes.
Na ação desta terça-feira, os seis polícias presentes entregaram panfletos na área de chegadas do aeroporto, com mensagens em português, inglês, francês, espanhol e italiano dizendo "Reze pelos polícias, o nosso Governo não nos valoriza. As nossas vidas valem 899 euros!", numa referência ao salário base de um polícia em início de carreira.
Segundo Tiago Fernandes, a ideia é dar "as boas-vindas" a quem visita o país, mas também "dar a conhecer a realidade da polícia portuguesa", considerando urgente sentar-se à mesa das negociações com o Governo, mas exigindo "propostas concretas" por parte do Ministério da Administração Interna, liderado por José Luís Carneiro.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa desta terça-feira a domingo para a JMJ, considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, e que contará com a presença do Papa Francisco.
Estima-se que, no total, a jornada vá custar cerca de 160 milhões de euros.