02 ago, 2023 - 20:00 • Aura Miguel , com redação
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A encerrar o primeiro dia da sua visita a Portugal, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Papa Francisco encontrou-se no Mosteiro dos Jerónimos com Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Consagradas e Consagrados, Seminaristas e Agentes Pastorais.
Nesta intervenção o Papa Francisco também improvisou e improvisou muitas vezes sobre aspetos da vida religiosa. Ele identificou ou desmonta muitos dos vícios que se vão acumulando. Por exemplo, ele perguntou aos presentes como se reza. Como um “papagaio: blá, blá, blá…” ou “a dormir a sesta” durante a missa. Também contou a história de uma freira que se estava sempre a lamentar. E isso arruina a vida religiosa e faz mal aos que estão à nossa volta, disse o Papa. Francisco também criticou o clericalismo de padres e de leigos.
As palavras de Francisco aos responsáveis da Igreja portuguesa foram muito realistas. Ele conhece bem o cansaço de muitos, o avanço do secularismo, a indiferença de tantos fiéis que deixaram a prática dominical, a desilusão e até aversão, disse o Papa, por causa dos abusos - disse e reconheceu que vivemos tempos difíceis.
Então qual é a opção, o que fazemos, perguntou Francisco? Fica-se no desânimo ou lança-se de novo as redes? Ficamos presos ao passado ou abraçamos o mundo com esperança? O Papa convidou as forças vivas da Igreja em Portugal a fazer três opções.
A primeira é “Faz-te ao largo!”, como arriscou em tempos fazer S. João de Brito, indo até aos confins da Índia sem medo. Como exemplo mais moderno, lembrou a coragem dos jovens que se arriscam a surfar a onda da Nazaré. É isso mesmo que agora é preciso para evangelizar.
A segunda opção é que só é possível fazê-lo juntos e há lugar para todos. Francisco foi buscar uma imagem muito bonita que tem a ver connosco: a imagem da calçada portuguesa, onde basta uma pedra estar desajustada para se perceber que não há equilíbrio.
A terceira opção chama-se “Pescadores de homens”. Ele disse mesmo que é como se fosse uma opção para não deixar que as pessoas se afundem, hoje em dia, com tantas incertezas, pobreza e falta de esperança.
Queremos sonhar a Igreja portuguesa como um porto seguro, disse o Papa Francisco, para quem enfrenta travessias, naufrágios e tempestades da vida.
No final, também em jeito de abraço ao encontro da nossa identidade, pediu a proteção de Nossa Senhora de Fátima, do Anjo de Portugal e de Santo António, que são três grandes pilares da nossa religiosidade e que o Papa hoje valorizou nesta visita histórica aos Jerónimos.
Prezados Irmãos Bispos,
Amados sacerdotes e diáconos, consagradas, consagrados e seminaristas,
Queridos agentes pastorais, irmãos e irmãs, boa tarde!
Estou feliz por me encontrar no meio de vós não só para viver, juntamente com muitos jovens, a Jornada Mundial da Juventude, mas também para partilhar o vosso caminho eclesial com as suas canseiras e esperanças. Agradeço a D. José Ornelas as palavras que me dirigiu; desejo rezar convosco, para – como disse – nos tornarmos, junto com os jovens, ousados em abraçar «o sonho de Deus e encontrar caminhos para uma participação alegre, generosa e transformadora a bem da Igreja e da humanidade».
Mergulhei na beleza do vosso país, terra de passagem entre o passado e o futuro, local de antigas tradições e de grandes mudanças, embelezado por vales viçosos e praias douradas debruçadas sobre o imenso e fascinante oceano, que banha Portugal.
Tudo isto me sugere o ambiente da vocação dos primeiros discípulos, que Jesus chamou nas margens do Mar da Galileia. Quero deter-me sobre esta chamada, que põe em evidência o que acabámos de ouvir na Lectio brevis das Vésperas: o Senhor salvou-nos e chamou-nos não em atenção às nossas obras, mas segundo a sua graça (cf. 2 Tm 1, 9).
O mesmo aconteceu na vida dos primeiros discípulos, quando Jesus, ao passar, “viu dois barcos que se encontravam junto do lago. Os pescadores tinham descido deles e lavavam as redes” (Lc 5, 2). Então Jesus subiu para o barco de Simão e, depois de ter falado às multidões, mudou a vida daqueles pescadores, convidando-os a fazerem-se ao largo e lançarem as redes. Salta aos olhos o contraste: por um lado, os pescadores descem do barco para lavar as redes, ou seja, limpá-las, guardá-las e voltar para casa e, por outro, Jesus sobe para o barco e convida a lançar novamente as redes para a pesca. Sobressaem as diferenças: os discípulos descem, Jesus sobe; os primeiros querem guardar as redes, o Mestre quer que saiam de novo para o mar a fim de pescar.
Em primeiro lugar, temos os pescadores que descem do barco para lavar as redes. Esta é a cena que se apresenta aos olhos de Jesus, e Ele pára ali mesmo. Pouco antes quisera começar a sua pregação na sinagoga de Nazaré, mas os seus conterrâneos expulsaram-No da cidade e tentaram até matá-Lo (cf. Lc 4, 28-30). Então Jesus sai do lugar sagrado e começa a pregar a Palavra no meio da gente, pelas estradas onde labutam dia a dia as mulheres e os homens do seu tempo.
Cristo está interessado em fazer sentir a proximidade de Deus precisamente nos lugares e situações onde as pessoas vivem, lutam, esperam, às vezes colecionando nas suas mãos fracassos e insucessos, precisamente como aqueles pescadores que não tinham pescado nada durante a noite.
Jesus olha com ternura para Simão e seus companheiros que, cansados e angustiados, lavam as suas redes, realizando um gesto repetitivo, mas também cansado e resignado: não havia mais nada a fazer senão voltar para casa de mãos vazias.
Às vezes, podemos sentir um cansaço semelhante no nosso caminho eclesial, quando nada mais temos nas mãos além das redes vazias. Trata-se dum sentimento bastante difundido nos países de antiga tradição cristã, atravessados por muitas mudanças sociais e culturais e cada vez mais marcados pelo secularismo, pela indiferença para com Deus, por um progressivo afastamento da prática da fé.
Aliás isto vê-se, com frequência, acentuado pela desilusão e a aversão que alguns nutrem face à Igreja, devido às vezes ao nosso mau testemunho e aos escândalos que desfiguraram o seu rosto e que nos chamam a uma humilde e constante purificação, partindo do grito de sofrimento das vítimas que sempre se devem acolher e escutar.
O risco, porém, quando nos sentimos desanimados, é descer do barco, acabando presos nas redes da resignação e do pessimismo. Ao contrário, confiemos que Jesus continua a tomar pela mão e a levantar a sua Esposa amada. Por isso levemos ao Senhor as nossas canseiras e as nossas lágrimas, para poder enfrentar as situações pastorais e espirituais, dialogando entre nós com abertura de coração para experimentar novos caminhos a seguir.
Quando estamos desanimados, consciente ou inconscientemente, nós aposentamos-nos do selo apostólico e vamos perdendo e transformamo-nos em funcionários do sagrado. É muito triste quando uma pessoa que é consagrada a Deus se transforme em funcionário, em mero administrador. É muito triste.
De facto, logo que os apóstolos descem para lavar as ferramentas usadas, Jesus sobe para o barco e depois convida a lançar de novo as redes.
Em momentos de desânimo e de jubilação, deixemos que Jesus suba à barca de novo. Com a ilusão inicial, que deve ser revivida, reconquistada, reeditada.
Ele vem procurar-nos nas nossas solidões e crises para nos ajudar a recomeçar.
A espiritualidade é recomeço, não tenham medo. É assim a vida, cair e recomeçar, aborrecer-se e receber de novo a alegria. Receber essa mão de Jesus.
E hoje continua a passar pelas margens da existência para despertar a esperança e dizer, também a nós, como a Simão e aos outros: «Faz-te ao largo; e vós lançai as redes para a pesca» (Lc 5, 4).
Quando se perde a ilusão ficamos com mil argumentos para não lançar as redes. Sobretudo essa resignação amarga, que corrói a alma.
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Irmãos e irmãs, vivemos certamente um tempo difícil, mas a interpelação que o Senhor dirige hoje à Igreja é esta: «Queres descer do barco e afundar na desilusão, ou fazer-Me subir permitindo que seja mais uma vez a novidade da minha Palavra a tomar na mão o leme?
Sacerdotes, bispos e consagrados, querem apenas conservar o passado que ficou para trás ou lançar de novo e com entusiasmo as redes para a pesca?». Eis o que nos pede o Senhor: despertar a ânsia pelo Evangelho.
Quando se acomodam ou se aborrecem ou a missão transforma-se numa espécie de emprego. É o momento de dar lugar à segunda chamada de Jesus, que nos chama de novo, sempre. Chama-nos para nos deixar caminhar, para nos recriarmos. Não tenham medo dessa segunda chamada de Jesus.
E podemos dizer que esta é a ânsia «boa» que vos comunica, a vós portugueses, a imensidão do oceano: fazer-se ao largo, não para conquistar o mundo, mas para o alegrar com a consolação e a alegria do Evangelho. Sob este ponto de vista, podemos ler as palavras dum vosso grande missionário, o Padre António Vieira, chamado «Paiaçu – pai grande».
Segundo ele, para nascer, Deus ter-vos-ia dado uma pequena terra, mas, ao fazer-vos debruçar sobre o oceano, deu-vos o mundo inteiro para morrer: «Para nascer, pequena terra; para morrer, toda a terra: para nascer, Portugal; para morrer, o mundo» (A. Vieira, “Sermão de Santo António”, Roma 1670, IV, in: Homilias, vol. III, tomo VII, Porto 1959, p. 69).
Somos chamados a lançar de novo as redes e a abraçar o mundo com a esperança do Evangelho. Não é momento de parar e desistir, de atracar o barco à margem nem de olhar para trás; não devemos escapar deste tempo, só porque nos mete medo, para nos refugiarmos em formas e estilos do passado. Não! Este é o tempo da graça que o Senhor nos concede para nos aventurarmos no mar da evangelização e da missão.
Mas, para o conseguir, precisamos também de fazer opções. Quero indicar três, inspiradas no Evangelho.
A primeira opção: fazer-se ao largo. Para lançar novamente as redes ao mar, é preciso sair da margem das desilusões e do imobilismo, afastar-se daquela tristeza melosa e daquele cinismo irónico que nos assaltam à vista das dificuldades. Temos de o fazer para passar do derrotismo à fé, como Simão que, apesar de ter trabalhado em vão toda a noite, conclui: «Porque Tu o dizes, lançarei as redes» (Lc 5, 5). Mas, para nos fiarmos dia a dia no Senhor e na sua Palavra, não bastam palavras, é necessário muita oração.
Como rezo eu? Como um papagaio: blá, blá, blá, blá, blá… Ou a dormir a sesta durante a eucaristia porque não sei como falar com o Senhor. Como rezo?
Apenas na adoração, só diante do Senhor, é que encontramos o gosto e a paixão pela evangelização. Então vencemos a tentação de continuar com uma «pastoral nostálgica feita de lamentações»….
Uma monja lamentava-se de tudo e deram-lhe a alcunha de “Só Lamentadora”. Quantas vezes as nossas impotências e as nossas desilusões as transformamos em lamentações. E deixando essas lamentações ganha-se outra vez força para navegar mar adentro, sem ideologias nem mundanismos.
A mundanidade espiritual que origina o clericalismo… O clericalismo não é só dos padres, os laicos clericalizados são piores do que os padres, esse clericalismo que nos arruína e, como dizia um grande mestre espiritual: essa mundanidade espiritual que provoca o clericalismo é um dos males mais graves que pode acontecer à Igreja
Superar estas dificuldades sem ideologias e mundanidade, animados por um único desejo: que chegue a todos o Evangelho. Neste caminho, não vos faltam exemplos! E, dado que nos encontramos no meio dos jovens, apraz-me recordar um jovem lisboeta, São João de Brito, que há séculos, no meio de muitas dificuldades, partiu para a Índia e lá não desdenhava falar e vestir-se à maneira das pessoas locais contanto que lhes pudesse anunciar Jesus.
Também nós somos chamados a mergulhar as nossas redes no tempo em que vivemos, a dialogar com todos, a tornar compreensível o Evangelho, mesmo que para isso tenhamos de correr o risco de alguma tempestade. Como os jovens que aqui vêm de todo o mundo para desafiar as ondas gigantes da Nazaré, façamo-nos ao largo também nós sem medo. Sim! Não temamos enfrentar o mar alto, porque no meio da tempestade e dos ventos contrários, Jesus vem ao nosso encontro e diz: «Coragem, sou Eu, não temais!» (Mt 14, 27).
Como segunda opção, levar juntos por diante a pastoral. No texto, Jesus confia a Pedro a tarefa de fazer-se ao largo, mas depois fala no plural, dizendo «e vós lançai as redes» (Lc 5, 4): Pedro guia o barco, mas todos estão no barco e todos são chamados a fazer descer as redes. E, quando apanham uma grande quantidade de peixes, não pensam conseguir arranjar-se sozinhos, nem gerem a dádiva como posse e propriedade privada, mas «fizeram sinal – diz o Evangelho – aos companheiros que estavam no outro barco, para que os viessem ajudar» (Lc 5, 7). Assim encheram, não um, mas dois barcos: um significa solidão, fechamento, pretensão de autossuficiência; dois significa relação.
A Igreja é sinodal, é comunhão, ajuda mútua, caminho comum. E a isto tende o Sínodo em curso, que terá o seu primeiro período de assembleia geral no próximo mês de outubro.
Na barca da Igreja, deve haver lugar para todos: todos os batizados são chamados a subir para ela e lançar as redes, empenhando-se pessoalmente no anúncio do Evangelho.
Sublinho esta palavra: todos, todos, todos. Toca-me muito no coração aquela passagem do Evangelho em que o Senhor da festa diz: tragam todos. Doentes e sãos, novos e velhos, justos e pecadores. Todos. A Igreja não seleciona quem entra ou não. Todos.
É um grande desafio, especialmente em contextos onde os sacerdotes e os consagrados estão cansados porque, enquanto as necessidades pastorais vão aumentando sempre mais, eles são cada vez menos. Mas podemos olhar para esta situação como uma ocasião para, com fraterno entusiasmo e sã criatividade pastoral, envolver os leigos.
Assim as redes dos primeiros discípulos tornam-se uma imagem da Igreja, que é uma «rede de relações» humanas, espirituais e pastorais. Se não houver diálogo, corresponsabilidade e participação, a Igreja envelhece. Permiti que o exprima assim: nunca um Bispo sem o próprio presbitério e o Povo de Deus; nunca um padre sem os seus irmãos sacerdotes; e todos juntos – sacerdotes, religiosas, religiosos e fiéis leigos – como Igreja, nunca sem os outros, sem o mundo. Sem mundanismo, mas não sem o mundo.
Na Igreja, ajudamo-nos, apoiamo-nos reciprocamente e somos chamados a difundir, também fora dela, um clima de fraternidade construtiva. Aliás, como escreve São Pedro, nós somos as pedras vivas usadas para a construção dum edifício espiritual (cf. 1 Ped 2, 5). E poderia acrescentar numa linguagem que vos é familiar: vós, fiéis portugueses, formais uma «calçada», sois os ladrilhos preciosos que compõem um tal pavimento acolhedor e brilhante que o Evangelho há de pisar; e não pode faltar uma pedrinha sequer, senão imediatamente se dá conta. Tal é a Igreja que, com a ajuda de Deus, somos chamados a construir!
Enfim a terceira opção: tornar-se pescadores de homens.
Não tenham medo, isso não é fazer proselitismo. É anunciar o Evangelho que provoca.
Jesus confia aos discípulos a missão de se fazerem ao largo no mar do mundo. Muitas vezes, na Sagrada Escritura, o mar simboliza o lugar do mal e das forças adversas que os homens não conseguem dominar. Por isso pescar as pessoas e tirá-las para fora da água significa ajudá-las a voltar a subir de onde afundaram, salvá-las do mal que ameaça afogá-las, ressuscitá-las de todas as formas de morte.
Com efeito, o Evangelho é um anúncio de vida no mar da morte, mas sem proselitismo, mas com amor. Quando um movimento eclesial, um bispo, um padre, uma freira ou um laico fazem proselitismo, isso não é cristão. Ser cristão é convidar, acolher, ajudar, mas sem proselitismo.
O Evangelho é um anúncio de vida no mar da mortede liberdade nas voragens da escravidão, de luz no abismo das trevas. Como afirma Santo Ambrósio, «os instrumentos da pesca apostólica são como as redes: de facto, as redes não fazem morrer quem fica preso nelas, mas conserva-o em vida, arrasta-o dos abismos para a luz» (Exp. Luc. IV, 68-79).
Não faltam trevas na sociedade atual, inclusive aqui em Portugal. Prova-se a sensação de que tenha diminuído o entusiasmo, a coragem de sonhar, a força para enfrentar os desafios, a confiança no futuro; entretanto, vamos navegando nas incertezas, na precariedade económica, na pobreza de amizade social, na falta de esperança.
A nós, como Igreja, cabe a tarefa de nos fazermos ao largo nas águas deste mar, lançando a rede do Evangelho, sem acusar ninguém, mas levando às pessoas do nosso tempo uma proposta de vida nova, que é a de Jesus: levar o acolhimento do Evangelho a uma sociedade multicultural; levar a proximidade do Pai às situações de precariedade e pobreza, que crescem sobretudo entre os jovens; levar o amor de Cristo onde é frágil a família e se encontram feridas as relações; transmitir a alegria do Espírito onde reinam o desânimo e o fatalismo.
Assim se exprime um escritor vosso: «Para se chegar ao infinito, e julgo que se pode lá chegar, é preciso termos um porto, um só, firme, e partir dali para Indefinido» (F. Pessoa, Livro do Desassossego, Lisboa 1998, 247). Queremos sonhar a Igreja Portuguesa como um «porto seguro» para quem enfrenta as travessias, os naufrágios e as tempestades da vida.
De coração vos agradeço, irmãos e irmãs, a atenção prestada, tudo o que fazeis, o vosso exemplo e constância. Muito obrigado! E confio-vos a Nossa Senhora de Fátima, à guarda do Anjo de Portugal e à proteção dos vossos grandes Santos e, aqui em Lisboa, de modo especial a Santo António, apóstolo incansável, pregador inspirado, discípulo do Evangelho atento aos males da sociedade e cheio de compaixão pelos pobres. Que ele interceda por vós e vos dê a alegria duma nova pesca milagrosa. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim.