04 ago, 2023 - 00:55 • Tomás Anjinho Chagas
As horas passam e as pessoas ficam. Todas querem estar perto do Papa Francisco. Junto à Nunciatura Apostólica, onde o chefe máximo da Igreja Católica fica a dormir enquanto está em Lisboa, as emoções transbordam, até para quem não o pode ver.
Junto às grades, antes do Papa Francisco sair da Nunciatura para o Parque Eduardo VII, está um homem encostado que tem na mão uma bengala. "Sou cego", responde sem hesitar à Renascença depois de ser questionado se era invisual.
Chama-se Luís David e tem um objetivo claro: "Vou ver se sou abençoado pelo Papa, era o meu sonho". Tem óculos escuros e vem vestido com a t-shirt vermelha da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e há muitos anos que não estava tão próximo de um Papa: "Estive perto do João Paulo II quando era miúdo".
A espera não o cansa, e mesmo se não conseguir ser abençoado pelo Papa, a experiência continua a ser rica. "Já valeu a pena", garante Luís David. No sábado vai a Fátima para estar novamente com o Papa.
Poucos minutos depois o "papamóvel" chega à Nunciatura. Há largas centenas de pessoas à espera dele, de todas as nacionalidades e que se expressam em línguas diferentes. Muitas delas não se contêm e vertem lágrimas ao estar tão próximas do Papa.
Com os olhos ainda húmidos está uma menina de 10 anos. É a Maria Amélia e acaba de receber um terço diretamente da equipa de segurança do Papa Francisco. "Ele é tão fofinho", comenta com os familiares mais velhos.
"O Papa Francisco tem muita capacidade de, mesmo estando velhinho como está, continuar a andar de um lado para o outro. Consegue mostrar que vale a pena que a JMJ aconteça", justifica à Renascença.
Com 10 anos, Maria Amélia fala com a voz embargada mas com uma invulgar convicção: "Ele consegue mostrar sempre tudo pela alegria, e não o sofrimento", destaca a menina vestida de cor-de-rosa.
Na mão tem o terço que acaba de receber: "Provavelmente está abençoado por ele", diz Maria Amélia.
A poucos metros estão dois irmãos que tiveram uma experiência provavelmente irrepetível: foram abençoados pelo Papa Francisco e conseguiram estar com ele na chegada do papamóvel.
O Henrique e a Sara vieram de Guimarães e estão com a farda dos escuteiros. "É um momento inesquecível, estou muito feliz. Isto é um sonho", resume a Sara.
"O Papa benzeu-me, perguntou-me de onde era, deu-me um passou-bem e deu-me este terço", explica o Henrique enquanto mostra o objeto recebido das mãos de Francisco.
Para os próximos dias só querem uma linha de continuidade: "Espero que sejam igualmente bons, que tenhamos missas bonitas", suspiram com um sorriso que não lhes sai da cara.