17 ago, 2023 - 08:40 • Olímpia Mairos
Na sequência da onda de ataques mortais que ocorreram no estado de Manipur, no nordeste da Índia, o arcebispo Dominic Lumon da diocese de Imphal acaba de lançar um apelo urgente implorando orações “para transformar a mente das pessoas que são guiadas pelo ódio e pela violência religiosa”.
Em carta enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o prelado sinaliza que “as necessidades são enormes” e “a destruição e perda para as comunidades e a Igreja é grande”.
Milhares de pessoas foram deslocadas depois das suas casas terem sido destruídas numa ação que o arcebispo classifica como “limpeza étnica”, um confronto que envolveu as tribos Meitei e Kuki.
Segundo a AIS, mais de 300 igrejas e outros edifícios pertencentes a organizações cristãs foram destruídos durante o violento conflito.
A comunidade ficou “isolada do resto do mundo” nos últimos três meses por causa de uma “proibição de internet e redes sociais imposta pelo Governo desde que a violência comunitária eclodiu no estado”, conta o arcebispo, destacando que “a situação ainda é sombria e tensa”.
“Até agora não foram encontradas soluções políticas duradouras e continua a apatia e o silêncio das autoridades”, nota D. Dominic Lumon, defendendo que qualquer intervenção da Igreja “deve ser lenta e executada com cuidado, pois há muitos obstáculos e bloqueios causados pela turbulência política e violência esporádica”.
“A desconfiança entre ambas as partes e a animosidade aumentam a cada dia”, assinala.
De acordo com o prelado, a Igreja Católica está a fornecer ajuda humanitária, incluindo bens essenciais de primeira necessidade, kits de higiene, apoio psicológico, assistência médica e educação para as crianças e “está envolvida no diálogo e em encontros com outras organizações que se preocupam com questões relacionadas com a fé, apelando às pessoas e às autoridades para encontrarem soluções amigáveis”.
“O que mais precisamos são as vossas orações. O poder da oração pode transformar a mente das pessoas que são guiadas pelo ódio e pela intolerância religiosa. Precisamos de rezar pelos nossos líderes políticos, pelas pessoas que tomam decisões e por todos os homens de boa vontade, para que possam encontrar soluções amigáveis. Que haja paz, harmonia e fraternidade, e que haja justiça para todos aqueles que foram privados dos seus direitos e dignidade”, escreve o arcebispo.