02 set, 2023 - 14:07 • Tomás Anjinho Chagas
O novo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério promete replicar a "proximidade" que tem tido com as pessoas na sua vida pastoral ao tornar-se o novo líder da diocese de Lisboa.
O até aqui Bispo das Forças Armadas - que foi tomou posse este sábado como novo patriarca- garante que vai ser um "bispo de estrada", próximo das pessoas, incluindo aquelas que foram vítimas de abuso no seio da Igreja Católica.
"Vou dar à Igreja de Lisboa aquilo que tenho dado sempre na minha vida sacerdotal e como bispo: a minha presença e proximidade", assegurou a uma moldura de jornalistas depois de ser empossado como novo patriarca na Sé de Lisboa. Durante a cerimónia já tinha expressado solidariedade com as vítimas de abuso.
D. Rui Valério quer ser "um bispo de estrada, um bispo da rua, junto das pessoas" e diz que é "nessa ótica" que vai concretizar a "sua ação". Quando foi nomeado, D. Manuel Clemente referiu-se a Rui Valério como um "homem de Deus para o povo" que é um "pastor com cheiro a ovelhas", à imagem do que tem pedido o Papa Francisco.
Durante a cerimónia da tomada de posse, D. Rui Valério não evitou o elefante na sala e abordou de frente o tema dos abusos sexuais, garantindo estar solidário com os que viveram esse trauma. Aos jornalistas reiterou que se trata de "uma experiência e atroz e horrorosa".
O novo patriarca promete reunir-se com as vítimas "de forma permanente e constante" e compromete-se a fazê-lo já "nos próximos dias". D. Rui Valério, que foi pároco na Póvoa de Santo Adrião, revela que conviveu com duas vítimas de abuso sexual por parte de familiares, e pede que "não haja limites à realização da cura".
Para o novo líder da diocese de Lisboa, as vítimas de abuso "devem estar no centro", sublinhando que o primeiro passo para apoiar quem sofreu este tema é ter "solidariedade e compreensão".
Questionado se, por causa do relatório dos abusos sexuais, toma posse na fase em que a Igreja católica vive o "momento mais difícil da história", D. Rui Valério rejeita esse cenário e prefere olhar para o problema como uma janela de esperança que se abre.
"Não, não digo isso. Digo que tomo posse na fase em que a esperança está mais viva na Igreja em Portugal, em todos. Se estamos a falar das vítimas, é essa a palavra que lhes quero deixar: esperança", assegura o novo patriarca.