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arranque do sínodo dos bispos

Papa Francisco: “O Sínodo não é um parlamento nem um campo de batalha ideológica”

04 out, 2023 - 09:23 • Aura Miguel

Na abertura do Sínodo dos Bispos, Francisco deixou claro que não quer esquemas, “feitos de estratégias humanas, cálculos políticos ou batalhas ideológicas” e convidou os participantes a discernir o presente para ser “uma Igreja que, no meio das ondas por vezes agitadas do nosso tempo, não desanima, não procura escapatórias ideológicas, não se barrica atrás de convicções adquiridas, não cede a soluções cómodas, nem deixa que seja o mundo a ditar a sua agenda”.

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“Não estamos aqui para realizar uma reunião parlamentar nem um plano de reformas. O protagonista é o Espírito Santo. Estamos aqui para caminharmos juntos com o olhar de Jesus, que bendiz o Pai e acolhe os que estão cansados e oprimidos”, disse o Papa, esta quarta-feira, na Praça de São Pedro.

Na abertura do Sínodo dos Bispos, Francisco deixou claro que não quer esquemas, “feitos de estratégias humanas, cálculos políticos ou batalhas ideológicas” e convidou os participantes a discernir o presente para ser “uma Igreja que, no meio das ondas por vezes agitadas do nosso tempo, não desanima, não procura escapatórias ideológicas, não se barrica atrás de convicções adquiridas, não cede a soluções cómodas, nem deixa que seja o mundo a ditar a sua agenda”.

Na homilia da missa, Francisco afirmou que o dever primário do Sínodo é centrar o olhar em Deus, “para sermos uma Igreja que olha, com misericórdia, a humanidade, que escuta e dialoga, que abençoa e encoraja, que ajuda quem busca o Senhor, que excita benevolamente os indiferentes, que abre caminhos para iniciar as pessoas na beleza da fé. Uma Igreja que tem Deus no centro e, consequentemente, não se divide internamente e nunca é dura externamente”. No fundo, “uma igreja aberta a todos, todos, todos”, acrescentou.

Fotos: Giuseppe Lami/EPA
Fotos: Giuseppe Lami/EPA

A Igreja precisa de ser “reparada”

Entre tantas dificuldades e desafios, o Santo Padre alerta para algumas tentações perigosas em que todos podem resvalar: “ser uma Igreja rígida, que se arma contra o mundo e olha para trás; ser uma Igreja tépida, que se rende às modas do mundo; ser uma Igreja cansada, fechada em si mesma.”

Neste contexto, “o Sínodo serve para nos recordar que a nossa Mãe Igreja precisa sempre de purificação, de ser «reparada», porque todos nós somos um Povo de pecadores perdoados, sempre necessitados de regressar à fonte que é Jesus e de nos colocarmos novamente nos caminhos do Espírito para chegar a todos com o seu Evangelho”.

Perante o colégio cardinalício e tendo diante de si representantes da Igreja dos cinco continentes, o Papa apontou o exemplo de Francisco de Assis, cuja festa hoje se assinala na Igreja católica.

“Num tempo de grandes lutas e divisões entre o poder temporal e o religioso, entre a Igreja institucional e as correntes heréticas, entre cristãos e outros crentes, (este santo) não criticou nem atacou ninguém, mas limitou-se a pegar nas armas do Evangelho: a humildade e a unidade, a oração e a caridade. Façamos assim também nós!”

Não se trata de um parlamento

Para os que se preocupam com certas polémicas que antecederam a realização desta assembleia sinodal, relacionadas com certas questões “fraturantes” inseridas na ordem dos trabalhos, Francisco deixou um esclarecimento: “Se o Povo santo de Deus com os seus pastores, de todas as partes do mundo, nutre anseios, esperanças e até qualquer receio sobre o Sínodo que iniciámos, recordemos mais uma vez de que não se trata duma reunião política, mas duma convocação no Espírito; não se trata dum parlamento polarizado, mas dum lugar de graça e comunhão.”

A Assembleia sinodal que hoje se inicia, reúne 464 participantes, entre bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos. Os votantes são 365, incluindo 54 mulheres que, pela primeira vez têm direito a votar no final das conclusões. Os trabalhos decorrem no Vaticano até 29 de outubro. Portugal está representado por D. José Ornelas, bispo de Fátima, e por D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, respetivamente, presidente e vice-presidente da Conferência episcopal portuguesa.

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