06 nov, 2023 - 16:56 • Ângela Roque
O Papa foi recebido esta segunda-feira em festa na sala Paulo VI, no Vaticano, onde o aguardavam mais de sete mil crianças, em representação de 84 países do mundo, convocadas para ali partilharem as suas “esperanças e preocupações com o futuro”.
Recuperado da indisposição matinal, Francisco chegou visivelmente animado, e embora tenha encurtado o discurso em relação ao que estava previsto, não deixou de sublinhar o que considera essencial: dizer aos jovens que “a vida é um dom maravilhoso”, “bela na sua simplicidade”, e que “é bom estarmos juntos”, sem esquecer os que não puderam participar e estão a sofrer por causa da guerra, dos desastres climáticos e da pobreza.
No encontro várias crianças, representando países de diferentes continentes, puderam colocar questões ao Papa. Uma delas, da Ucrânia, perguntou “como se faz a paz?”. “Não é fácil”, respondeu Francisco, considerando que é menos difícil dizer como se faz a guerra, porque essa faz-se "com ódio e vingança”. E lançou um desafio: “Querem fazer a paz? Façamos um gesto todos juntos: com a mão da amizade estendida – assim se faz a paz, saudando os amigos e recebendo todos em casa. A paz faz-se com o coração e com a mão estendida", repetiu.
“Temos de trabalhar pela paz”, no médio oriente e em todas as outras guerras que há no mundo, respondeu noutro momento, depois de uma menina da Palestina ter perguntado se “a paz já não volta?”.
Outra criança, da Síria, quis saber "porque é que matam crianças durante a guerra, e ninguém as defende", e Francisco não escondeu a consternação. “Ouvi nas notícias quantas crianças têm sido mortas… são inocentes! Porque atingem as crianças na guerra? É uma crueldade. A guerra é sempre cruel", lamentou, pedindo de seguida a todos que fizessem “um pouco de silêncio” e pensassem nessas outras "crianças atingidas”, porque “é uma injustiça”.
Houve também perguntas sobre as alterações climáticas, com o Papa a lembrar que a mudança de hábitos e comportamentos começa em cada um. “Todos devemos estar preocupados com a natureza, e ajudar. Por exemplo, quano estão na praia", e bebem um refrigerante, “deitam a lata no mar?", perguntou. "Fazem isso? Não. Devemos respeitar a natureza e o Criador, porque a natureza inclui-nos. Ee estou preocupado com natureza, assim como vocês devem estar. Obrigada por se preocuparem”, disse ainda.
O evento “Crianças encontram-se com o Papa” foi organizado em conjunto pela Comunidade de Santo Egídio e por instituições ligadas à família franciscana, com o patrocínio do Dicastério para a Cultura e Educação, presidido por D. José Tolentino Mendonça. Na abertura o cardeal português agradeceu a presença de tantas crianças, muitas de regiões atingidas por conflitos.
“Sabemos que o mundo está a viver um momento muito difícil. Tantas crianças como vocês estão a sofrer, por causa da pobreza ou da guerra. Alguns de vós vêm de zonas do mundo onde isto acontece. A vossa alegria, os vossos sonhos, a vossa presença aqui são potentes antídotos contra estes males”, sublinhou.
No encontro participou, em representação de Portugal, Tomás Adrego, de 12 anos. Natural de Santa Maria da Feira, diocese do Porto, pertence ao Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC).