22 nov, 2023 - 19:00 • Ângela Roque
A Pastoral Juvenil da Igreja Católica quer aproveitar o trabalho em rede que se criou durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa, para continuar a ter famílias de acolhimento, que desta vez possam receber jovens deslocados. O projeto já foi apresentado aos bispos na recente assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorreu em Fátima, e foi bem acolhido, garante o novo diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ).
À Renascença, Nuno Sobral Camelo diz que esta será uma forma da Igreja ajudar quem está em dificuldade, rentabilizando meios e vontades.
"As famílias de acolhimento que estiveram disponíveis na Jornada, queremos agora, com um projeto nacional, contar com a sua disponibilidade para acolher jovens que estão deslocados das suas dioceses por motivos de estudo ou por motivos de trabalho. Temos a possibilidade de criar condições mais justas. Acreditamos que este projeto em rede pode facilitar muito os jovens e as suas famílias, pondo até os equipamentos da Igreja ao serviço desta resposta", explica aquele responsável, para quem “é óbvio que as dioceses têm de estar muito envolvidas, assim como os movimentos e congregações".
"Em cada local é preciso criar interlocutores para que se possam identificar, por um lado as ofertas, por outro as procuras, e depois centralizar numa base nacional”, explica, acrescentando que é importante que o acolhimento seja feito “no seio de famílias cristãs, para que os jovens que saem dos seus territórios e tenham prática de Igreja, não a percam nessa altura, e sabemos que isso acontece: deixam os escuteiros, o grupo de jovens e a catequese, ou deixam de ser acólitos porque mudam de vida para outra cidade”. E não tem dúvidas de que este projeto em rede pode ter também “um papel importante ao nível dos valores, ao serem acolhidos em famílias que também têm filhos”.
Os milhares de jovens que foram voluntários durante a JMJ Lisboa, nas várias dioceses, são agora chamados a continuar a fazer esse “trabalho de acolhimento dos jovens nacionais e dos jovens internacionais que vêm estudar para Portugal”, colocando-se “ao serviço da Igreja e dos outros. É por aqui que vamos trabalhar”, assegura.
Outro projeto do DNPJ pretende aproximar a procura e a oferta de trabalho. “É um projeto que chamámos ‘Oportuno - Oportunidades de emprego na rede’, que é, no fundo, ir à procura das necessidades que as instituições da Igreja têm para desempenho de funções, que possam cruzar com aquilo que são os estudos que os jovens concluíram, em áreas que vão desde a assistência social até à comunicação, à educação de infância. Colocar aqui também numa rede nacional, ofertas de emprego e necessidades de emprego, dentro daquilo que são as nossas redes, locais, de diocese e de país. E isso já está, de alguma forma, a funcionar”, garante.
Nuno Sobral Camelo, que assumiu a direção nacional da Pastoral Juvenil depois da JMJ, está otimista relativamente ao futuro da Igreja. Lembra que estamos, ainda, no início do novo ano pastoral, mas garante que já há frutos visíveis do pós JMJ Lisboa, com muitas equipas de pastoral juvenil renovadas em muitas dioceses, e com envolvimento garantido dos jovens na vida da Igreja.
“Foi um arranque que eu acho que está a ser bem aproveitado, com os reflexos da Jornada, mas há ainda muito para fazer e muitas atividades vão surgir”, refere. Algumas já estão planificadas, como o Fátima Jovem, que o DNPJ pretende recuperar e que deverá realizar-se no primeiro fim de semana de maio.
Para o próximo domingo, 26 de novembro, em que a Igreja vai assinalar o Dia Mundial da Juventude, o diretor da Pastoral Juvenil deixa uma mensagem: “contamos com todos, na sua condição e na forma como são. O jovem por natureza é alegre e isso traz uma mensagem de esperança para o futuro, para uma Igreja que se quer alegre, ativa e 'todo o terreno'. E os jovens têm estas características: são alegres e são 'todo o terreno', e precisamos disso”.