26 nov, 2023 - 19:47 • Filipa Ribeiro
No primeiro encontro após a Jornada Mundial da Juventude, e com a presença do novo Patriarca de Lisboa, cerca de 2 500 jovens da Diocese de Lisboa participaram este domingo na Jornada Diocesana da Juventude.
Vindos de todas as paróquias, carregavam mochilas e instrumentos musicais para colorir os momentos de reflexão. Depois da participação em workshops, encontraram-se em frente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. No centro estava uma réplica do símbolo da Jornada Mundial da Juventude - a cruz que abriu a caminhada pela Paz.
Antes de se começar a caminhar, o Patriarca recordou os países que estão em conflito. “Recordamos onde reina a violência e as injustiças: na Palestina, em Israel, na Ucrânia, na Rússia, em Burkina Faso, no Mali, em Moçambique, na Somália, no Sudão, no Iémen, em Mianmar, na Nigéria, na República Centro Africana e na Síria”, enumerou.
A cada país recordado, baixavam a cabeça dos jovens que caminharam cerca de 1Km entre a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e o Pavilhão Multiusos em silêncio.
À frente, um grupo de jovens que carregava a cruz - e que por alguns metros recebeu a ajuda - e o apoio do próprio do patriarca que também segurou a Cruz.
Atrás, as centenas de jovens que de cara cerrada refletiam a situação atual.
Com apenas 14 anos, Filipa Carvalho, de Loures, confessa estar preocupada e a acompanhar o que tem acontecido no mundo. Diz que é importante que mesmo se sendo jovem se tenha consciência do que se está a passar. No final da caminhada sentiu-se mais confiante.
“Ver tantas pessoas juntas a fazer a mesma caminhada, com os mesmos objetivos é muito reconfortante”, diz. E acrescenta: “sei que estas centenas de pessoas querem o mesmo que eu e que podem levar esta mensagem a outras para que se crie uma corrente de paz”.
Todos os jovens partilham a preocupação com as guerras que estão instaladas em várias partes do mundo.
Sentado a almoçar no final da caminhada está Anilson Horta, de 19 anos, que vem com a paróquia de Santa Marta. Não teve oportunidade de participar na Jornada Mundial da Juventude porque é natural de Cabo Verde e mudou-se para Portugal há seis meses.
“Nunca vi tantos jovens assim na minha terra”, começa por dizer. Anilson Horta não esconde a felicidade por estar a viver aquilo que ele diz ser a sua Jornada Mundial da Juventude, no entanto não esconde a preocupação com a situação mundial. “Penso sobre como vai ser o mundo daqui para a frente, daqui a dois anos, a missão que Cristo e o Santo Padre pedem é rezar pelo mundo e pedir a paz e é isso que eu faço”. Confessa que a oração pela Paz faz parte do seu dia-a-dia, com vários momentos de reflexão.
Muitos dos jovens que se encontraram este domingo já caminham juntos desde a Jornada Mundial da Juventude. Mariana Almeida, de 26 anos, vem com um grupo da paróquia de Belas, em Sintra. Um grupo muito completo com idades entre os 5/6 meses e os 30.
Sentiram a necessidade de estar perto do Patriarca de Lisboa, que os tocou com a mensagem sobre a necessidade de refletir no coração a situação que se vive em vários países do mundo. Mariana Almeida passou a caminhada a pensar em todos os locais enumerados por Dom Rui Valério. “Aquilo que foi ressoando no meu coração foi ter consciência do que se passa à minha volta e rezar por isso”, diz.
No primeiro encontro com jovens da Diocese como Patriarca de Lisboa, Dom Rui Valério realçou a importância de se estar atento e de não se ficar indiferente.
Em declarações à Renascença, citou Elie Wiesel - escritor judeu, sobrevivente dos campos de concentração nazis e que foi Nobel da Paz em 1986 - para sublinhar que é preciso combater a indiferença para que a paz se instale no mundo.
“O contrário de belo não é o feio, mas a indiferença. O contrário da vida não é a morte, mas a indiferença. O contrario da fé não é a descrença, mas a indiferença. O contrario do amor não é o ódio mas é a indiferença. O contrário da paz, não é a guerra é a indiferença e eis o que podemos fazer combater esta força que se instalou em nós de sermos indiferentes”, diz.
O Patriarca de Lisboa não tem dúvidas de que a Jornada Mundial da Juventude em agosto deste ano aproximou os jovens. “A JMJ representou para a sociedade um novo Pentecostes em que um novo ardor, uma nova força, um novo fogo foi comunicado à nossa juventude e é verdade que agora estamos a assistir e a testemunhar surpreendidos talvez ,mas como muita alegria como os jovens tomaram uma decisão preferencial pela vida por Jesus Cristo pela Esperança. Estão a dizer que já não se contentam em ser espectadores, eles agora querem ser atores, querem ser participativos", afirma.