19 dez, 2023 - 20:02 • Ricardo Vieira e Teresa Paula Costa
O bispo de Leiria-Fátima comentou esta terça-feira a polémica em torno do tratamento no Hospital de Santa Maria das gémeas luso-brasileiras, que sofrem de atrofia muscular espinal. D. José Ornelas defende que o mais importante é a saúde das crianças.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) sublinha que é contra qualquer forma de favorecimento, mas destaca o superior interesse das crianças.
“Sou totalmente contra as cunhas, mas cunhas que salvam crianças, não fazem mal a ninguém. Não é por aí que enferma o SNS [Serviço Nacional de Saúde], não é por aí que enferma a corrupção. Antes fosse”, disse em conferência de imprensa de apresentação da sua mensagem de Natal.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa reforça que o importante é o bem estar e saúde das crianças e nota que essa dimensão tem sido ignorada no debate público.
“Da parte dos comentários que tenho ouvido, são poucos os comentadores que têm falado das duas meninas. No Natal, é uma história bonita para contar”, disse o bispo de Leiria-Fátima.
“Eu gostava de contá-la assim: Havia duas meninas que estavam a ponto de morrer, não tinham salvação. Então, ouviram dizer que havia médicos e havia um tratamento que podia salvá-las. E o que é que eles fizeram? Foram a tudo. No Serviço Nacional de Saúde, marcavam-lhe consulta para daqui a um ano. Mas houve gente que se apressou. Fosse quem fosse, não interessa. Se isso é ser corrupto, aqueles que ajudaram, então eu também quero ser corrupto”, sublinhou.
D. José Ornelas afirma, ainda, que “estas meninas desapareceram das notícias para ficar tudo aquilo que foi à volta, como se isso fosse o mais importante”.
O caso das gémeas está envolvido em polémica, devido à suspeita de uma "cunha" para que o processo fosse acelerado e já foram desencadeadas investigações.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu que recebeu um email do filho, no Rebelo de Sousa, sobre o caso das gémeas, diz que encaminhou para o gabinete do primeiro-ministro, como faz normalmente, e negou qualquer favorecimento.
Um relatório da Inspeção-Geral de Atividades em Saúde apurou que a consulta foi marcada em 2019 a pedido de um secretário de Estado da Saúde.