30 jan, 2024 - 14:14 • Aura Miguel
A polémica estalou este sábado, com a divulgação do cartaz da Semana Santa em Sevilha. É famosa a tradição secular da Semana Santa nesta cidade, com dezenas de procissões que se realizam desde o século XVI e movimentam milhares de fiéis e turistas de todo o mundo para participar nas várias manifestações religiosas que enchem as ruas da capital da Andaluzia. Mas a polémica surgiu quando o Conselho das Irmandades e Confrarias de Sevilha revelou o cartaz da Semana Santa deste ano.
A obra, do artista Salustiano García, de 59 anos, representa um Cristo “jovem e belo como metáfora de pureza”. O pintor, que utilizou o seu filho Horácio como modelo, afirmou que o cartaz revela “a parte luminosa da Semana Santa”.
As críticas não se fizeram esperar e a polémica, em poucas horas, tornou-se viral nas redes sociais, devido ao aspeto efeminado da imagem. O padre Jorge González Guadix, da arquidiocese de Madrid, considerou o cartaz “vergonhoso”, acrescentando que foi realizado “para agradar à comunidade LGTBIJKLMNO”. A prova disto, garante o sacerdote, é que Manolo Rosado, presidente de la Rede Estatal de Municípios Orgullosos (apoiantes espanhóis do orgulho gay), já o considerou um cartaz “maravilhoso, que rompe com a tradição”.
Outro sacerdote, conhecido nas redes como "Pater Rural”, escreveu na rede X que se trata de uma “idiotice nada piedosa que não representa o que é a Semana Santa sevilhana”. E, por sua vez, o padre Juan Manuel Góngora, da diocese de Almería, lamentou: “Da Netflix ou da Amazon podes esperar de tudo, agora de um Conselho de Irmandades e de um Arcebispado…”.
Alguns leigos católicos mais empenhados também condenaram o cartaz, considerando-o “uma vergonha absoluta, uma blasfémia e um desprezo de Deus”. E muitos pedem a sua retirada imediata, para que não desvie a atenção do essencial da Semana Santa.
Também o site espanhol da Pastoral SJ, da Companha de Jesús, publicou um comentário do jesuíta Daniel Cuesta, especialista em História de Arte, considerando que, apesar das inúmeras representações que existem de Cristo desnudado, pintado por artistas famosos, “esta obra não inspira devoção, nem convida a rezar, como seria de esperar de uma Imagem religiosa”.
Numa entrevista ao diário espanhol ABC, o artista afirma que a sua obra pretende ser “amável” e “não quer ser revolucionária”. Para Salustiano García, o seu quadro revela “uma mensagem de espiritualidade, amor e respeito”, uma vez que representa “um Cristo belo, porque é já um espírito de Deus que vai subir aos céus”.
Até ao momento, nem o Arcebispado de Sevilha, nem o Conselho das Irmandades e Confrarias reagiram à polémica.