14 fev, 2024 - 10:48 • Aura Miguel
Esta manhã, no final da audiência geral, o Papa saudou com especial afeto o cardeal Ernest Simoni, cujo testemunho o comoveu profundamente quando visitou a Albânia, em 2014. Nessa ocasião, Simoni contou ao Santo Padre como sobreviveu à perseguição do governo comunista, sofrendo torturas e duros trabalhos forçados durante 28 anos, até à queda do regime, em 1990.
Após saudar hoje, em várias línguas, os peregrinos reunidos na Aula Paulo VI, Francisco referiu-se ao tempo dos primeiros mártires da Igreja e sublinhou que também no Vaticano, muitos foram executados e ali sepultados. “Mas também hoje há muitos mártires em todo o mundo, talvez mais do que no início. Há muitos perseguidos pela fé. E hoje posso saudar, de maneira especial, um mártir vivo, o cardeal Simoni”, disse.
Olhando para o idoso purpurado ali presente, o Papa recordou que, enquanto padre e bispo, Simoni passou 28 anos na prisão comunista da Albânia, “que foi talvez a perseguição mais cruel”. E acrescentou: “ele hoje continua a dar testemunho e, tal como ele, tantos, tantos; tem agora 95 anos e continua a trabalhar para a Igreja, sem se desencorajar. Caro irmão, agradeço o teu testemunho. Obrigado”.
Ernest Simoni foi detido pelas autoridades comunistas, em 1963, depois de celebrar missa de Natal, na sua paróquia de Barbullush, uma aldeia próxima de Scutari. Foi preso, torturado e condenado à morte em duas ocasiões, mas a sua pena foi comutada para 28 anos de trabalhos forçados. Pena que cumpriu até a sua libertação em 1990, depois da queda do regime comunista.
Em setembro de 2014, quando visitou a Albânia, o Papa Francisco chorou ao ouvir o seu testemunho. Poucos meses depois, no consistório de novembro de 2016, Francisco criou-o cardeal.
Nesta quarta-feira, a catequese foi dedicada à acídia, um dos sete pecados capitais, mais conhecido pelo nome de preguiça. Trata-se de "uma enfermidade espiritual que não encontra gosto em nada do que se faz e até mesmo a oração e a relação com Deus parecem enfadonhas”, alertou o Papa.
Francisco apontou “a paciência da fé” como o melhor remédio para enfrentar o problema, recordando que “esta batalha contra a acídia não poupou nem mesmo os santos, que nos ensinam a atravessar a ‘noite escura’ com paciência, apoiando-nos em Jesus, que nunca nos abandona no meio das tentações”.