17 fev, 2024 - 10:01 • Liliana Monteiro
Os oito pedidos de indemnização que o Grupo VITA recebeu são um “número baixo” em relação aos 79 pedidos de ajuda por parte de vítimas de crimes sexuais na Igreja Católica, mas Rute Agulhas considera que este é um número “a aumentar”.
Em entrevista à Renascença, a coordenadora da estrutura criada para acompanhar as vítimas após a divulgação há cerca de um ano do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, revela que estes pedidos são, na sua maioria, de pessoas mais velhas.
“Todas estas situações são de pessoas mais velhas, que terão sido vítimas de violência sexual há algumas décadas, e que entendem que, neste momento, para além de todos os outros apoios que recebem, e do acompanhamento psicológico, a possibilidade de uma reparação financeira é algo mais reparador”, afirma.
Para esta segunda-feira está prevista a entrega à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) do modelo de indemnização, sendo que os pedidos até agora recebidos não mencionaram qualquer verba específica, sinalizando apenas a necessidade de poderem ser indemnizados.
A coordenadora manifestou também a expectativa de que a proposta seja “bem acolhida” pelos bispos, com um modelo casuístico.
“Acreditamos que este é o caminho, porque cada situação é como cada qual. Há muitas divergências e idiossincrasias que têm que ser tidas em conta”, afirma Rute Agulhas.
Para o modelo proposto, o Grupo VITA analisou outros processos de reparação financeira em diferentes contextos, como na queda da ponte de Entre-os-Rios, os incêndios de Pedrógão Grande ou o caso Casa Pia, mas também os caminhos trilhados por outros países na abordagem aos abusos sexuais na Igreja Católica.
Criado em abril de 2023, o Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (915090000) ou do formulário para sinalizações no ‘site’ www.grupovita.pt.
O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que ao longo de quase um ano validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.