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reportagem

Semana Santa de Braga. Cortejo “é uma catequese ambulante”

24 mar, 2024 - 12:30 • Isabel Pacheco

A Procissão de Nossa Senhora da Burrinha sai quarta-feira às ruas de Braga. O cortejo marca o início dos principais momentos da Semana Santa que se prevê que bata novos records de negócio na cidade.

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Semana Santa de Braga. Cortejo “é uma catequese ambulante”

Chamam-lhe a procissão de Nossa Senhora da Burrinha, mas, na verdade, trata-se do cortejo bíblico “Vós Sereis meu Povo” que retrata a história do Antigo ao Novo Testamento.

O momento, organizado pela paróquia e pela junta de freguesia de S. Vitor, marca na quarta-feira santa o início das principais procissões da Semana Santa de Braga.

Este cortejo é “uma catequese ambulante”. Trata-se de “pegar no texto bíblico, que pode parecer um texto morto, e dar-lhe vida através dos figurantes que passam as personagens do papel para a carne”, explica Sérgio Torres, pároco de S. Vitor . Até porque, lembra o sacerdote, atualmente, é mais fácil “digerir imagens” do que ler “um texto que achamos que é um pastel”, brinca.

Sérgio Torres já perdeu a conta ao número exato de figurantes. “Cerca de 800, ou talvez mais”, aponta o sacerdote que fala da procissão como uma iniciativa que há muito superou os limites da paróquia.

“Já ultrapassa claramente a Igreja para ser algo cultural e da comunidade da cidade de Braga. Percebe-se esse sentido popular”, admite o sacerdote que dá como exemplo dos vários telefonemas que recebe com interessados em participar.

“Ligaram porque há um grupo de idosos que quer participar e vamos conseguir espaço para 24 idosos. Levam uma tocha na mão e vão a abrir a procissão”, conta. “É uma forma de chegar a muitos outros participantes”, revela.

O certo é que de tradicional o cortejo pouco tem. Não há andores ou imagens de santos, mas o retrato o mais fiel possível da história.

“Tirando a imagem da Senhora da Burrinha, que vai sentada em cima da burrinha, não há imagem de nenhum Santo”.

Este é um cortejo que “sai em tudo fora do normal daquilo que é habitual numa procissão”, revela o pároco de S. Vitor que lembra que no cortejo até há espaço para uma múmia.

“José morreu no Egito, mas o desejo dele era regressar à Terra Prometida. Portanto, também representamos isso, com uma múmia”.

E há cada vez mais pessoas a assistirem ao cortejo bíblico. É, pelo menos, a constatação do responsável a avaliar pelas ruas.

“Quando a procissão está de regresso à Igreja parece que está em ponto de descida, mas, de ano para ano, tem tido mais impacto”, reconhece o sacerdote que compara as procissões da Semana Santa de Braga à obra de Beethoven .

“Assim como se ouve com agrado a nona Sinfonia de Beethoven porque nos causa sempre impacto. É isso que tentamos fazer na Semana Santa de Braga, não só com a procissão da Burrinha, mas com todas as outras procissões, que são sempre a mesma coisa, mas que se vê sempre com muito agrado”, remata.

“A Semana Santa é melhor semana do ano”

Em 2023 foram milhares de turistas que passaram por Braga para assistirem às solenidades da Semana Santa, o que se traduziu no maior impacto económico de sempre: 13,2 milhões de euros.

As contas são da Associação Comercial de Braga que prevê este ano subir a fasquia para os 14 milhões de euros. Muito, graças, ao crescimento do turismo norte americano.

Ora, pela loja de produtos regionais de António Martins não tem passado norte-americanos, mas o comerciante já sente o aumento de turistas.

“Há um grande movimento. Parece um São João. Mas, o movimento, este ano, já vem de há um mês. Não sei se será um ano mais atípico, mas nota-se que está a ser muito bom a nível comercial”, reconhece o proprietário de uma loja turística junto à Sé de Braga onde o negócio costuma crescer 50% nestes dias.

Já no estabelecimento de bebidas e de restauração de Fernando Silva, também junto à Sé Catedral, a faturação cresce, por norma, 5 vezes mais, ou não fosse a melhor época para o negócio.

“A Semana Santa é melhor semana do ano, sem dúvida alguma. O Domingo de Páscoa para mim é melhor dia do ano”, aponta o empresário que garante que não faz mais negócio por falta de capacidade.

“É óbvio que atendia muito mais. Digamos que trabalhamos 100%, no máximo. Há reforço de profissionais e já nem há folgas”, conta.

A época é de ouro para os negócios em Braga e para a hotelaria que , por regra, fica no limite da capacidade graças, sobretudo, aos turistas espanhóis, franceses, ingleses, norte americanos e alemães.

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