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“Tentaram usar-me para Ratzinger não ser eleito Papa”, revela Francisco

31 mar, 2024 - 13:45 • Aura Miguel

Apesar dos cardeais jurarem não revelar o que acontece durante o conclave, os Papas têm licença para o fazer. Assim, e pela primeira vez, Bergoglio revela publicamente alguns detalhes dos bastidores que levaram à eleição de Ratzinger.

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O Papa Francisco revela, numa entrevista ao vaticanista espanhol do ABC Javier Martinez-Brocal, alguns detalhes dos bastidores do conclave que elegeu Bento XVI, em 2005.

Francisco começa por esclarecer que, apesar dos cardeais jurarem não revelar o que acontece durante o conclave, os Papas têm licença para o fazer. Assim, e pela primeira vez, Bergoglio revela publicamente alguns detalhes dos bastidores que levaram à eleição de Ratzinger.

“Cheguei a ter 40 dos 115 votos na Capela Sistina. Eram suficientes para bloquear a candidatura do cardeal Joseph Ratzinger porque, se continuassem a votar em mim, ele não conseguiria alcançar os dois terços necessários para ser eleito Papa”, afirmou.

Francisco esclarece que a ideia dos que votaram nele era “bloquear a eleição de Ratzinger e, depois, negociar um terceiro candidato diferente”. Mais tarde, esse grupo, que Francisco não identifica, informou-o de que não queria um Papa "estrangeiro".

“Todavia, não chegaram a acordo sobre qual nome lançar para ser eleito”, conta Fancisco.

O Papa recorda que, ao dar-se conta dessas movimentações, disse ao cardeal colombiano Darío Castrillón: “'Não brinquem com a minha candidatura porque vou já dizer que não aceitarei, deixem-me aqui’. E, assim, foi eleito Bento XVI.”

Bergoglio revela ainda que Ratzinger foi o seu candidato porque “era o único que naquele momento, poderia ser Papa”. Ou seja, “após a revolução de João Paulo II, tão dinâmico e ativo, fazia falta um Papa que mantivesse um são equilíbrio, um Papa de transição”. E acrescenta: “Se tivessem eleito um tipo como eu, que faz muito barulho, não teria sido possível fazer nada. Naquele momento era impossível.”

O atual Papa diz que saiu contente daquele conclave e que Bento XVI “foi um homem que acompanhou o novo estilo, mas não foi fácil, pois encontrou muita resistência dentro do Vaticano”.

Sobre a ação do Espírito Santo no Conclave de 2005, Bergoglio não duvida: “Com a eleição de Joseph Ratzinger estava dizer-nos: Aqui mando eu. Não há espaço para manobras'."

O livro “Papa Francisco o Sucessor”, com o texto integral da entrevista, será publicado em Espanha na próxima quarta-feira, 3 abril.

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